ISBN: 978-85-63552-14-3
Título | A INVENÇÃO DO CINEMA NA ESCOLA: uma proposta emancipatória |
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Autor | celia regina nonato da silva loureiro |
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Resumo Expandido | Ser professora da rede pública federal de ensino da escola básica e participar do grupo de pesquisa do projeto desenvolvido no Laboratório de Educação, Cinema e Audiovisual da UFRJ permite-me experimentar a sensação de unidade. Ao misturar cinema e educação pude expandir minha visão sobre a possibilidade de criar um novo regime estético das artes na escola. Essa combinação gera novas significações a cada momento, afetando as práticas pedagógicas. Mas creio ser mais significativo ainda, compreender do desperdício das experiências de cinema na escola. Sabemos que o cinema educativo, nos idos do governo Vargas, deixaram marcas instrucionais e ideológicas na educação. Prefiro, pois, me interrogar se essa condição criada pelo governo contribuiu para deixar órfão o cinema no currículo das escolas. Não tenho a intenção de responder a essa questão, mas tão somente, buscar caminhos que possam seduzir a comunidade escolar a participar dessa jornada. Ao apresentar o cinema como potência de criação pedagógica , traço caminhos para ampliar a concepção de criação que se constrói “tanto quando se assiste filmes como quando se os realiza” (BERGALA, 2008). Faz parte dessa experiência, viver a tensão que se instaura no movimento constante de aprender e desaprender com essa experiência, como potencializa Adriana Fresquet (2009). No entanto quando apostamos no papel do cinema na formação dos estudantes, não deixamos de reconhecer o desconforto que ele pode causar ao colégio. O próprio Bergala afirma que a arte é por definição um elemento perturbador dentro da instituição. Certamente o cinema pode levar o fermento da anarquia, do escândalo e da desordem à escola. Ou seja, corro o risco de ser a portadora desse mal estar no cotidiano escolar. Quando levo a proposta de cinema para a escola posso ajudar a desconfigurar o que já está constituído. Concordo com Bergala quando ele afirma que a instituição tem a tendência de normatizar, amortecer e até mesmo absorver o risco que representa o encontro com toda forma de alteridade. Será desse ponto de vista que desenvolverei esse trabalho, buscando a força emancipatória que há no encontro do cinema e a escola. Nesse regime da arte, trago o filme “A Invenção de Hugo Cabret” de Martin Scorcese para aquecer esse diálogo. Quando proponho às crianças dos anos iniciais do campus Humaitá I do Colégio Pedro II o filme de Scorcese, abro espaços para que alguma coisa aconteça e se ponha a significar no universo infantil. Especialmente quando criamos oportunidade de pensar sobre os recursos utilizados pelo referido diretor para produzir um diálogo vivo sobre o cinema das origens. Quando convidamos a criança a viver as aventuras de Hugo Cabret, criamos espaços para apresentar a memória da infância do cinema, especialmente com a homenagem ao visionário Méliès (1861-1938), aquele que é considerado “pai dos efeitos especiais”. A estética quase onírica do filme permite que a criança viva a magia que se mistura com a própria fantasia da infância. Ao se inspirar no livro homônimo de Brian Selznick, 2007, Scorcese aproxima à criança também da literatura, tecendo histórias, ampliando os domínios da arte. Quando Scorsese dança nesse interstício, nos apresenta a dor do órfão, os restos deixados pela guerra, a miséria, a fome e o abandono entretecidos com os escapes do lúdico, do sonho e da arte que muitas vezes são elementos invisibilizados no cotidiano escolar. Seria o abandono da memória do cinema uma possível relação entre o referido filme e as práticas escolares? Como a escola pode nos escapes das salas escuras, num jogo de ocultar e revelar (BERGALA,2008 ) guardar um segredo que só pode ser revelado com o outro? |
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Bibliografia | AUMONT, Jacques. A Estética do Filme. São Paulo: Papirus, 1994.
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