ISBN: 978-85-63552-14-3
Título | Cinema no museu: nas origens do MASP |
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Autor | Pedro Ivo Carvalho |
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Resumo Expandido | A apresentação do trabalho configurar-se-á na análise dos principais filmes
de Cavalcanti anterior à vinda ao Brasil em 49 para então avaliar a compatibilidade com proposta de Bardi pra o MASP, que se manifestaram no ciclo de dez conferências ministradas pelo cineasta inaugurando um dos primeiros cursos de cinema institucionalizados no Brasil. Apenas o essencial na biografia e na inserção social do cineasta será apresentado, sem deter-se a detalhes e nomes supérfluos para então apresentar a proposta de Bardi para o museu patrocinado por Chateaubriand e confrontar os dois projetos, exemplo próximo da questão arte-cinema. • Pesquisar Alberto Cavalcanti aproxima-se, como na maioria dos casos de pesquisa acadêmica, a algo próximo à práxis de um detetive. Entretanto, o caso Cavalcanti remete aos melhores enredos do gênero devido à tendência nômade do cineasta desde a juventude e à falta de material publicado sobre sua obra. Tal peculiaridade faz com que literalmente siguemos e investiguemos seus passos através dos diferentes locais e contextos nos quais exerceu a atividade de cineasta em busca de um arquivo, de uma publicação escondida numa biblioteca ou de alguém que dê uma “pista” para então seguir em frente. Tal tendência nômade faz com que dificulte a vinculação de Cavalcanti a um movimento específico da História do Cinema ou que seja fortemente associado a essa ou àquela escola ou ainda a um cinema nacional, como ocorre naturalmente com a grande maioria dos realizadores. Dizer, por exemplo, que Cavalcanti é um cineasta brasileiro soa insuficiente, embora o adjetivo possa advir do local de nascimento, mas, como dito, ainda insuficiente. Sua principal atuação no cinema brasileiro, logo depois e proveniente do contato com o ainda jovem Museu de Arte de São Paulo, foi a de instaurar padrões internacionais para os filmes da produtora Vera Cruz sob o cargo de produtor-chefe. Adjetivar ainda o cineasta como inglês ou francês, dado sua presença atuante no cinema de vanguarda desses países, também limita erroneamente sua atuação, ou melhor, acaba por excluí-lo mais um vez. É um homem do cinema nascido no Brasil, que atuou ativamente nos cinemas francês, inglês e brasileiro e, posteriormente ao período aqui proposto, na Alemanha Oriental e Itália. Viveu e produziu o cinema sob contextos poli-semânticos: sob vanguardas artísticas. O projeto de Bardi para o museu proposto por Chateaubriand baseia-se num conceito primordial do contexto do fim dos anos quarenta no Brasil: a formação de público. O Brasil, a exemplo dos outros países do Novo Mundo, é uma nação fragmentada culturalmente, historicamente fresca e com abordagem peculiar de sua própria memória, se comparado a países europeus. Ao longo de cinco séculos de colonização, massivos grupos de imigrantes africanos, europeus e asiáticos desembarcaram no país; formava-se assim uma nação multifaces, multicultural, multilínguas, multi-sotaques, ou seja, fragmentada. A assimilação dessa noção de fragmento era tão complexa para os recém-chegados quanto a identidade que eles procuravam criar e manter. E esse novo público necessitava de cultura, uma produzida in loco, uma que o colocasse em contato com suas origens e ao mesmo tempo original, ou seja, uma cultura que não fizesse distinções; fosse a mistura de povos que ali se formava, ou seja, a população brasileira. A arte como sintoma de um tempo e/ou causa de outro, juntando então passado e presente, teve no MASP um pioneiro no Brasil. A memória de Bardi resta apenas nas consequências de seu pensamento, na grande maioria das vezes sem referência ao pensador. Seu projeto didático, suas iniciativas educativas, seu incentivo a artistas iniciantes, exposições, enfim, sua vontade de acontecer determinou o panorama dali em diante, inclusive no cinema. Cavalcanti e Bardi não são homens que vivem de cinema ou de arte. São homens que vivem para o cinema, para a arte. |
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Bibliografia | AITKEN, Ian. Alberto Cavalcanti - realism, surrealism and national cinemas. Trowbridge: Flicks Books, 2000.
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