ISBN: 978-85-63552-14-3
Título | Godard e a representação das paixões – rastros de artes e literatura |
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Autor | Junia Barreto |
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Resumo Expandido | As primeiras realizações de Jean-Luc Godard no cinema datam dos anos cinquenta e seu último trabalho para o grand écran remonta a 2010. Nesses quase sessenta anos de trajetória cinematográfica, o cineasta passou por diversas fases, diferentemente investigadas e relacionadas por críticos, estetas e historiadores da sétima arte. Mas, fato é que, independentemente de análises, categorizações e recortes diacrônicos e estéticos constantemente realizados, o diálogo dos filmes de Godard com outras formas e com a própria memória é uma realidade inquestionável. Aliás, mais que diálogo, poder-se-ia pensar em Godard como uma espécie de agente multicultural, visto que suas obras são permeadas e trespassadas não somente pela estética fílmica, mas pelas estéticas pictórica, literária e musical de períodos diversos, que ele também não priva de um diálogo com a psicanálise, a filosofia e outros domínios das humanidades, fazendo de Godard um criador, um artesão das artes e da cultura, um mediador cultural da contemporaneidade. Dentro dessa imbricação entre cinema e artes no espaço tempo godardiano, nos interessa analisar uma temática central em seus filmes, que é a mise en cause das paixões e dos relacionamentos afetivos. Em Le Mépris (1963), adaptação homônima do romance de Alberto Moravia e Prénom Carmen (1983), espécie de releitura moderna da novela Carmen de Mérimée, imbricada da versão operística de Bizet e Meillhac e Halévy, pretendemos investigar a representação da paixão godardiana, a partir da contaminação das artes exposta na tela através do olhar do artista, que ele pretende que seja percebida para além de toda intenção. Interessa-nos a forma pela qual Godard põe em prática, conjuntamente, o mostrar e o deixar ver através do recurso às referências, transferências, deslocamentos e toda intercomunicabilidade entre o cinema, as artes e a literatura em períodos distintos de sua produção, estes separados por vinte anos, atestando, ainda hoje, a vitalidade de sua obra e, sobretudo, seu lugar enquanto criador. |
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Bibliografia | AUMONT, Jacques. O olho interminável: cinema e pintura. São Paulo: Cosac & Naif, 2004
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