ISBN: 978-85-63552-14-3
Título | Uma história do curta-metragem Sobre anos 60 |
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Autor | Marco Aurélio Teles Freitas |
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Resumo Expandido | Este trabalho apresenta resultados parciais da pesquisa de mestrado “Uma história do curta-metragem Sobre anos 60”, em que procuramos entender que propostas de abordagem da História estão por trás do filme Sobre anos 60 (2000) de Jean-Claude Bernardet, composto de planos de produções audiovisuais brasileiras da década de 1960 articulados em nova montagem. Na pesquisa, buscamos identificar linhas de coerência entre o filme e livros de Jean-Claude que versam mais especificamente sobre Cinema e construção da História.
A ideia de tentar traçar linhas de coerência é um método para nossa investigação que surge do próprio Bernardet (2004, p. 61) em suas críticas à metodologia de estudo da história do cinema brasileiro. As linhas de coerência foram primeiramente apresentadas por Carlos Diegues (1988) no texto “Ciclos e Crises”, em que há uma crítica a historiadores que constroem uma periodização da história do cinema brasileiro pautada pela noção de ciclos de sucessos de fracassos. Diegues propõe que, em vez de ciclos, é melhor entender filões de procedimentos semelhantes em experiências da cinematografia nacional para que se tenha um melhor entendimento do cinema brasileiro como um todo orgânico, com elos que não sejam pautados no corte temporal. Como tratamos de encontrar propostas de construção da História em Sobre anos 60 levando em consideração também a obra bibliográfica do seu realizador sobre Cinema e construção da História (consubstanciadas também nos seus livros escritos através de suas investigações sobre cinema) buscamos os tais filões de procedimentos semelhantes no próprio pensamento de Bernardet, o que nos permitirá propor elos, ou rupturas, entre um pensamento sobre Cinema e História no filme e nos seus livros. Nesse sentido, num primeiro momento de pesquisa, partimos para entender a ressignificação de imagens cotejando a utilização de trechos de filmes que estão em Sobre anos 60, tais como Deus e o diabo na terra do sol (Glauber Rocha, 1964), Viramundo (Geraldo Sarno,1964-1965), Cabra marcado para morrer (Eduardo Coutinho, 1964-1984), A mulher de todos (Rogério Sganzerla, 1969) e O anjo nasceu (Júlio Bressane, 1969), com o que o realizador escreveu sobre esses filmes nos seus livros de análise e crítica cinematográficas, a saber: “Brasil em tempo de cinema: ensaio sobre o cinema brasileiro de 1958 a 1966”, “Cineastas e Imagens do povo”, “O voo dos anjos” e “Trajetória crítica”. Assim, traçamos linhas de coerência na utilização das imagens no filme. Em um segundo momento, buscamos traçar algumas linhas de coerência relativas à abordagem da História por parte de Bernardet nos seus livros sobre Cinema e História (mais especificamente aqueles que se propõem a lançar questionamentos aos métodos de construção da História, como “Cinema brasileiro: propostas para uma história” e “Historiografia clássica do cinema brasileiro: metodologia e pedagogia”) que podem estar refletidas no filme. Os resultados parciais que propomos apresentar relacionam alguns elementos do primeiro e do segundo momentos juntamente com entrevistas que realizamos com Jean-Claude Bernardet e profissionais que participaram da realização do filme em áreas de atuação diferentes. |
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Bibliografia | BERNARDET, J. C. O vôo dos anjos - Bressane, Sganzerla; estudo sobre a criação cinematográfica. São Paulo, Brasiliense, 1991
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