ISBN: 978-85-63552-15-0
Título | Cinema, artes plásticas e os novos desafios da produção independente |
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Autor | Marcos Fabris |
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Resumo Expandido | Esta comunicação pretende evidenciar e explorar as relações sugeridas entre cinema e artes plásticas, tomando como exemplo o documentário norte-americano intitulado Arte é... a revolução permanente (2012), do diretor alemão radicado nos Estados Unidos Manfred Kirchheimer. Em seu filme, o cineasta explora as possíveis afinidades entre o fazer cinematográfico, sobretudo aquele que ao privilegiar determinados assuntos, temas e formas ligados aos interesses e lutas populares se encontra às margens da grande indústria e dos circuitos tradicionais de comercialização e exibição – como é o seu caso – e certas formas de expressão artística (tais como o desenho, a caricatura, a escultura, a litografia, a xilogravura, e mesmo uma “certa” pintura), que até certo ponto – e por motivos semelhantes – também não estão completamente absorvidas pelo assim chamado “sistema das artes”. Estas também operam, como se sabe, sob a égide de instituições bastante ciosas: museus, galerias, salões, exposições, marchands, feiras de arte & negócios, leilões, etc. O critério para a seleção dos artistas e objetos estudados se dará, essencialmente, por suas tentativas de equacionar, cada qual a sua maneira, uma síntese entre a alta cultura e a cultura popular, sempre no âmbito de modos “alternativos” de inserção no sistema de produção artístico.
Nestes termos, Kirchheimer se esquiva de todo caminho histórico-artístico consagrado pela visão hegemônica, que periodiza obras e artistas segundo seu tempo, local, estilo, “gênio” ou movimento artístico ao qual se filiam. Ao contrário, buscará as afinidades eletivas obscurecidas entre as mais diversas produções e artistas que, nos termos acima descritos, servirão de baliza para suas próprias reflexões e avaliações tanto sobre a produtividade de uma abordagem arejada perante a tradição que busca uma síntese entre o erudito e o popular como para a redefinição de sua relevância política, cujas lições ainda não foram inteiramente assimiladas. Pretendo, finalmente, discutir como o diretor elabora sua reflexão sobre o fazer cinematográfico independente absorvendo, na forma do filme, várias das lições aprendidas com a tradição examinada. Combinadas e reunidas nas múltiplas possibilidades oferecidas pelo fazer cinematográfico, os procedimentos que observa na produção “estática” potencializarão seu poder crítico para reforçar cineticamente – e esta parece ser a tese do filme – os liames entre arte e sociedade na busca por uma atividade artística efetivamente consciente, popular e – precisamente por isso – revolucionária. Este será, portanto, o desafio do artista: promover novas relações, interações e formas de fruição sem descartar a história artística pregressa, com suas tendências, continuidades e rupturas. O recorrido proposto por Kirchheimer pela parcela selecionada da História da Arte incluirá tanto obras de artistas considerados canônicos (tais como Goya, Rembrandt, Daumier, Dix, Gosz, Kollwitz e Picasso) quanto aquelas de artistas contemporâneos menos conhecidos e que circulam em esferas semelhantes às do cineasta (Sigmund Abeles, Ann Chernow e Paul Marcus). |
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Bibliografia | ARANTES, O. (org). Modernidade Cá e Lá – Textos Escolhidos IV Mário Pedrosa. São Paulo: EDUSP, 2000.
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