ISBN: 978-85-63552-15-0
Título | Águia, serpente, cactus: PELMEX e os nacionalismos no cinema. |
|
Autor | Antonio Carlos Tunico Amancio da Silva |
|
Resumo Expandido | Quando a América latina se converteu em objeto de disputa econômica, política e ideológica e os Estados Unidos viram sua hegemonia ameaçada pelas forças do Eixo e seus simpatizantes do Cone Sul, no final dos anos 30, um dos principais campos de contenda foram os meios de comunicação, dentre os quais o cinema era dos mais potentes. Os espanhóis cobiçavam se infiltrar pelo mercado mexicano e os alemães pelo mercado argentino. Isto leva a um programa para a Iberoamérica coordenado pelos Estados Unidos e pelo México, cheio de tensões diplomáticas, mas do qual o cinema azteca saiu fortalecido pelo generoso apoio financeiro recebido, que fez que consolidasse sua época de ouro (CASTRO, 2004). Aumento da produção, reforço financeiro dos estúdios, o cinema mexicano alcança visibilidade e popularidade. Aí entra então o Estado, para legislar sobre cotas (1939), criar um Banco cinematográfico (1942) enquanto a iniciativa privada se organiza em sindicatos, promove fusões de produtoras para seu fortalecimento e reivindica a criação de uma distribuidora internacional para difundir de maneira sistemática sua produção por toda a América Latina. É quando nasce a Películas Mexicanas S.A (PELMEX), que vai se expandir por vários países e tornar melhor conhecidos o melodrama e as comédias rancheiras, marcando a cultura mexicana nos países do continente ( MONTEIRO apud AMANCIO e CAVALCANTI, p. 79-113).
No Brasil, instalada desde 1947, a PELMEX vai se adaptar à legislação vigente, estabelecendo uma filial que será responsável pela difusão local das obras enviadas pela matriz. Seu circuito vai se dispersar pelas principais praças cinematográficas do país, mantendo no Rio de Janeiro uma sala especializada, famosa por sua arquitetura singular, o cine AZTECA, no Catete, que existiu entre 1961 e 1973. Somente na crise mexicana dos anos 1990 o México fecha a distribuidora. Seu circuito brasileiro de salas de exibição, entretanto, acompanha a decadência do setor, desde décadas anteriores e motivada pela crise dos anos 70/80 e vai ser repassado à Cooperativa Brasileira de Cinema (CBC), com o aval financeiro e político da EMBRAFILME, significando, de modo transverso e pela primeira vez na história recente a intervenção do Estado neste terceiro braço da atividade cinematográfica, uma vez que a produção e a distribuição estavam sendo contempladas. Nas mãos da Cooperativa, em poucos, anos, o circuito foi desativado e vendido a particulares, igrejas ou supermercados. Do poderio do momento de sua criação, até seu melancólico fim, a PELMEX representa a visibilidade na história das resistências no campo da cultura – principalmente no domínio do cinema – frente à avassaladora presença norte-americana no mercado. Tomando-se como exemplo as políticas públicas mexicanas para consolidar sua presença entre nós, pretendemos também verificar como e em que circunstâncias este circuito cria fatos culturais – difundindo o melodrama, por exemplo, assim como as comédias rancheiras, os boleros e um singular star-system latino-americano. Finalmente, queremos contextualizar a dispersão deste circuito, ainda sob a égide do projeto nacionalista da ditadura pós-1964, graças à intervenção do Estado, através da EMBRAFILME, e da participação neste processo de um grupo de 40 cineastas cooperativados. |
|
Bibliografia | CASTRO, Francisco Peredo. Cine y Propaganda para latinoamerica: México y Estados Unidos en la encrucijada de los años cuarenta. México. UNAM, 2004
|