ISBN: 978-85-63552-15-0
Título | A poesia em cena: o som e a letra do documentário Vinicius |
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Autor | Marcia Regina Carvalho da Silva |
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Resumo Expandido | A biografia mudou muito através dos tempos. Sua genealogia a define como “uma espécie de história que tem por objeto a vida de uma única pessoa” carregando a ilusão de um acesso direto ao passado a partir de uma narrativa. As narrativas biográficas, de maneira geral, tentam ordenar acontecimentos de uma vida, na ilusão de tecer estórias com início, meio e fim, com um discurso coeso, o que Pierre Bourdieu chamou de “ilusão biográfica” compondo um “relato coerente de uma sequencia de acontecimentos com significado e direção” (BOURDIEU, 2005, p. 185).
No Brasil, o tema da biografia está na moda. Artistas biografados e biografáveis discutem processos de autorização e controle de expressão para as tendências biográficas e seus autores. O ano de 2013 foi marcado pela polemica protagonizada pela empresária Paula Lavigne, ex-esposa de Caetano Veloso, representante de vários músicos, entre eles Gilberto Gil, Milton Nascimento, Djavan, Chico Buarque e outros, que se uniram para criar o “Procure Saber”. Inspirados pelo processo judicial e criminal de Roberto Carlos contra o jornalista Paulo César de Araújo, autor do livro Roberto Carlos em detalhes, o coletivo chamou a atenção e debate público sobre a necessidade de autorização prévia para a publicação de biografias. Deste percurso editorial nasce a prática de produção de biografias audiovisuais, o que se tornou recorrente em várias mídias, principalmente com documentários que elegem temas e personagens da história da música brasileira. Entretanto, mesmo levando-se em conta que qualquer documentário musical é, de fato, uma produção em que a música é protagonista e tem papel fundamental em sua construção estrutural e temática, nota-se que não há pluralidade de abordagens narrativas nesta produção. O documentário que inaugura a moda das biografias de personagens da MPB é Vinicius (2005), um perfil de Vinicius de Moraes (1913-1980) dirigido por Miguel Faria Jr. A estrutura do filme parte da montagem a partir da interpretação, seja de um show fictício sobre a vida de Vinicius, filmado no tempo presente com a atuação de Camila Morgado para recitar poemas e letras, e de Ricardo Blat para representar alguns de seus textos, ou de várias cantoras, como Adriana Calcanhoto, Mart´nália e Mônica Salmaso, que interpretam suas músicas sínteses. Assim, a palavra cantada e recitada costura fotografias, vídeos e filmes de arquivo com entrevistas, depoimentos das filhas do poeta e seus amigos e parceiros musicais como Toquinho, Chico Buarque, Caetano Veloso, Edu Lobo e outros, com entrevistas filmadas à vontade, repletas de sorrisos, memórias e saudade, que são estruturadas no roteiro com o enlace de uma narração que resgata o contexto histórico de sua obra e vida privada, falando sobre música, Bossa Nova, a influência do Jazz, os Afro sambas, seus nove casamentos, e a liberdade do seu jeito de viver. Diante disso, irei estudar a narrativa biográfica deste documentário com atenção a sua pesquisa histórica e musical, examinando a voz que canta, conta, recita e narra à vida e a obra do poeta Vinicius de Moraes, protagonista inconteste da História da Música Popular Brasileira. |
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Bibliografia | BASTOS, Cristiano. Fora da Ordem Mundial. In: Revista Rolling Stone Brasil, n. 87, dezembro, 2013, p. 47-49.
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