ISBN: 978-85-63552-15-0
Título | Recepção crítica de O céu de Suely: um novo panorama de Sertão |
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Autor | Rayssa Mykelly de Medeiros Oliveira |
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Resumo Expandido | Para Robert Stam (2003), mesmo antes de se começar a pensar em teorias que refletissem a questão da espectatorialidade no cinema, as outras teorias existentes, de uma maneira ou de outra, já guardavam em si uma teoria do espectador.
Seja na ideia de Munsterberg de que o cinema opera na esfera mental, seja na fé de Eisenberg nas rupturas epistemológicas provocadas pela montagem intelectual, na visão de Bazin da democrática liberdade de interpretação do espectador, seja na reflexão de Mulvey sobre o olhar masculino, praticamente todas as teorias do cinema continham implícita uma teoria do espectador. (STAM, 2000, p.255). Se sabemos que no seu processo produtivo, como em todo processo artístico, mas de maneira mais explícita, o cinema é pensado para o espectador, estabelecendo um processo dialógico que pode transcendê-lo, estamos convencidos do potencial a ser explorado a partir dos estudos da recepção. O espectador, historicamente situado, molda e é moldado pela experiência cinematográfica, num processo dialógico sem fim. O conhecimento e a interpretação do processo cinematográfico deve, sem dúvida, levar em conta este diálogo que reconhece a participação concreta e ativa do espectador de filmes. (GOMES, 2005) A obra escolhida para nossa análise, O céu de Suely (AÏNOUZ, 2006), trabalha com uma temática há muito explorada pelo cinema nacional, a migração no sertão do Nordeste. Tema de destaque desde o Cinema Novo, a vida no interior do Nordeste foi mostrada exaustivamente em tons agrestes, áridos como o clima. A Estética da Fome, manifesto de autoria de Glauber Rocha, que serviu como norte teórico do movimento, pregava uma estética crua, com uma pobreza real exposta na tela, sem filtros ou suavizações. “Assim, somente uma cultura da fome, minando suas próprias estruturas, pode superar-se qualitativamente”(ROCHA, 1965). Depois de tanto tempo dedicado a falar sobre as agruras e misérias de um Nordeste rural, o cinema brasileiro com o chamado cinema da pós-retomada - sem a mesma uniformidade temática, estética e teórica do Cinema Novo – voltou a falar de sertão, de Nordeste, e até mesmo de pobreza, mas com outros tons, outras nuances. O céu de Suely é produto dessa retomada e vai contar outras histórias sobre outro Nordeste. O que O céu de Suely nos traz de novo é a universalização desse pedaço de mundo. Como as peculiaridades da região acabaram se agregando a elementos de uma sociedade cada vez mais globalizada, onde o sincretismo é a grande marca de um sertão cada vez mais urbano e cosmopolita. Com esse grau de novidade é de se supor que a recepção ao longa de Aïnouz possa nos fornecer inferências cruciais à sua compreensão. Sem pensar na arte como utilitária, mas entendendo que todo produto cultural consumido tem potencial de ocasionar efeitos e até mudança de perspectiva em quem o consome, dependendo do seu “horizonte de expectativa” (JAUSS, 1994), pretendemos aqui, através da análise de críticas publicadas em veículos especializados online, observar como essas inovações, principalmente com relação ao espaço, foram recebidas pela crítica especializada. Pois como postula Jauss – se referindo a obras literárias - a qualidade de uma obra vai depender mais dos “critérios da recepção, do efeito produzido pela obra e de sua fama junto à posteridade”.(JAUSS, 1994, p.7-8). |
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Bibliografia | GOMES, Regina. Teorias da Recepção, história e interpretação de filmes: um breve panorama. Lisboa: Universidade de Lisboa. LIVRO DE ACTAS – 4º SOPCOM. Disponível em: |