ISBN: 978-85-63552-15-0
Título | Curadoria Educativa de Mostras Cinematográficas em Escolas Públicas |
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Autor | João Luiz Leocadio da Nova |
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Coautor | Alexandre Silva Guerreiro |
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Resumo Expandido | A ideia de mediação está no cerne do conceito de curadoria. Ainda que o senso comum aponte para outra direção, o curador não é aquele que detém o saber, um conhecimento superior, mas antes, é alguém que se coloca entre a obra e o público com o intuito de tecer um elo, propor uma reflexão, desenvolver um olhar novo diante de um conjunto de obras.
É a partir do desenvolvimento do papel do curador na contemporaneidade que podemos vislumbrar a importância da “curadoria educativa” (VERGARA, 1996), buscando desvendar a função do curador no ambiente educacional, em contato com professores e alunos, refletindo sobre a escolha de filmes e temas que promovam no espaço escolar a experiência do cinema de uma maneira plena e enriquecedora. Aqui, buscamos nos aproximar do conceito de “curadoria educativa” em seu específico cinematográfico. A partir da experiência no curso “Curadoria e Planejamento de Mostras Cinematográficas”, um grupo de estudantes de cinema e audiovisual colocou em prática e refletiu sobre essa função, avançando na formação de um “olhar escavador de sentido” (MARTINS & PIOSQUE, 2003,p.8). Em escolas públicas, levaram propostas de curadoria que privilegiassem alguns temas transversais, tais como cultura afro, cultura indígena e meio ambiente. Todas as etapas da produção de uma mostra serviram de lugares para se praticar o papel da escolha, da organização, da preparação de um evento cultural dentro do espaço escolar. Alguns exercícios com listas de filmes seguiram o caminho de ampliar o repertório dentro da turma para as possibilidades de projetos nessa área de atuação, reunidos em um blog coletivo (http://curadoriaeplanejamento.wordpress.com/). As atribuições de uma estrutura mais complexa de organização foram distribuídas em três departamentos específicos como produção técnica, comunicação e produção de textos, sendo que nessa última, o de produção de textos, atribuímos as funções de mediação. Ainda que o "passador de filmes" possa ser praticado por um professor em sala de aula, o desenho de uma atividade coletiva como a organização de uma mostra permite ao estudante, de qualquer nível, atuar como protagonista no espaço escolar e construir uma relação de vivência cultural com os colegas, professores na sua comunidade. Ao compartilhar a escolha artística das obras a serem exibidas forma-se um ambiente inigualável de troca e reconhecimento entre aluno e professor que rompe com as relações mais tradicionais nas instituições de ensino. Transforma-se a prática de ensino em ato de iniciação (BERGALA, 2008, p. 65). A mediação pedagógica por sua vez dedica-se a tecer elos entre os filmes, a explorar os valores artísticos das obras, em busca da dinamização do ato de produção de textos, preparação dos debates, seleção de convidados como lugares para aprendizagem. Oferecer uma experiência formativa centrada nos atos de ação dos estudantes é um dos pilares dessa iniciativa que propicia ao educando participação, criatividade, expressividade e relacionalidade (GUTIERREZ, 2004, p. 62). Alguns resultados Os exercícios desenvolvidos ao longo do curso conduziram a mostras de obras com pequena circulação para o grande público, que dirá para o espaço de uma escola pública, com a representação multicultural ao trazer filmes de diferentes nacionalidades, distintos movimentos cinematográficos que marcaram a história recente do audiovisual, visando públicos diferenciados e bem recortados para oferecer um olhar específico sobre questões de gênero, por exemplo, ou determinados grupos étnicos como os índios por exemplo, ampliando a visão de mundo para todos os envolvidos. Nesse contexto surgiram também propostas que pretenderam discutir linguagem cinematográfica, estética das imagens e dos sons, marcas de autoria e a pedagogia dos cineastas dentro de contextos mais específicos e provocativos, enfim, uma coletânea de olhares e de projetos pedagógicos com o cinema. |
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Bibliografia | BERGALA, A. A Hipótese Cinema. Rio de Janeiro: Cinead/UFRJ, 2008.
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