ISBN: 978-85-63552-15-0
Título | Cine-ensaio: um quarto domínio da arte do cinema? |
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Autor | Francisco Elinaldo Teixeira |
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Resumo Expandido | Classicamente se constituiram no cinema três territórios que desde sempre catalisaram suas produções: os domínios ficcional, documentário e experimental. Muitas vezes pensados ou tomados como "gêneros", de fato, suas configurações ultrapassaram o tempo todo as meras convenções de gênero, instituindo-se, propriamente e por força de contundentes debates, enquanto visões ontológicas do cinema que tentavam dar consistência à sua inteira novidade no campo artístico da modernidade. Ou seja, para além das proposições mais gerais que ora o situavam como "síntese" das outras artes, ora como possuidor de uma especificidade própria, simultaneamente, concepções diferenciadas do fazer cinematográfico operaram a partir de uma tripartição distribuída entre uma compulsão secular de contar história ou traçar relatos com base na faculdade da imaginação (ficção), de uma prerrogativa ou relevo dado à realidade e sua reconstrução (documentário), de um empenho de experimentação, investigação ou pesquisa com os materiais, modos de composição e suas combinatórias inaugurados com a arte nova do cinema em formação (vanguardas ou experimental).
De cerca de três a quatro décadas para cá, em meio aos turbulentos abalos desses territórios tradicionais do cinema, na atualidade observa-se uma irrupção e investimento cada vez mais intensos, nos âmbitos teórico-conceitual e de criação fílmica, de um quarto domínio que não se confunde e se assimila nem com a ficção, nem com o documentário, nem com o experimental - o de um cinema ensaístico. Desvio, bifurcação, linha de fuga da compulsão narrativa de contar história, essa espécie de "destino" quase incontornável ao qual se assimilou boa parte do cinema, o cine-ensaio/filme-ensaio torna a conectar e dar relevo ao fazer cinematográfico como uma "forma que pensa", ou seja, como uma atividade reflexiva que o insere diretamente, tal como reverbera nos discursos e proposições dos formativistas desde os primórdios, no âmbito de uma "arte do pensamento", portanto, com uma consistência "mental mais que visual". O propósito da comunicação é, assim, o de escavar, arqueologicamente, a irrupção e constituição em processo desse quarto domínio do cinema, suas conexões/hibridizações com os outros domínios historicamente já constituídos. |
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Bibliografia | Teixeira, Francisco Elinaldo. Cinemas "não-narrativos": Experimental e documentário - Passagens. São Paulo: Alameda, 2013.
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