ISBN: 978-85-63552-15-0
Título | JOVEM E CONSUMO MIDIÁTICO: PANORÂMICA SOBRE O CENÁRIO SOTEROPOLITANO |
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Autor | Regina Lucia Gomes Souza e Silva |
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Coautor | André Bomfim dos Santos |
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Resumo Expandido | O contexto tecnológico e sociocultural definido por Jenkins (2009; 2013) como cultura da convergência tem revelado novas dinâmicas de produção, circulação e recepção de conteúdos audiovisuais. Dinâmicas estas marcadas pela democratização dos meios de produção; pela diluição das fronteiras entre gêneros, assim como das fronteiras entre o amador e o profissional; e pela circulação espontânea, calcada essencialmente no compartilhamento voluntário. A pesquisa é dedicada ao mapeamento e análise qualitativa da produção audiovisual do estado da Bahia produzida para a internet e tem como objetivo a investigação dos usos e apropriações de recursos multi-midiáticos e tecnológicos por jovens da cidade de Salvador, além dos modos de circulação e consumo dos conteúdos por eles produzidos. A pesquisa é parte integrante do projeto referência Jovem, consumo midiático e convergência, conduzido pela Profa. Nilda Jacks, da UFRGS, e composto por uma rede de pesquisadores de Universidades Federais e Privadas de todos os estados do país. Na Bahia, o Grupo de Pesquisa Recepção e Crítica da Imagem, da UFBA, sob a coordenação da Profa. Regina Gomes leva adiante o projeto. Esta proposta de comunicação é resultado do processo de implementação do projeto em Salvador, o que inclui um balanço das conclusões iniciais oriundas dos estudos exploratórios.
Os esforços do projeto situam-se no campo dos estudos da recepção, particularmente na área do consumo midiático, aqui definida como uma especificidade do consumo cultural. Enfatizando não só a relação econômica, mas sobretudo as questões simbólicas e socioculturais das relações entre pessoas e a mídia, Canclini (1993; 2005; 2008) aponta para uma noção de consumo que compreende o “conjunto de processos de apropriação e usos de produtos nos quais o valor simbólico prevalece sobre os valores de uso e troca, ou onde ao menos estes últimos se configuram subordinados à dimensão simbólica” (1993, p. 34). Para Jenkins (2009), o cenário de convergência é demarcado por fusões multimídia e as concentrações de empresas na produção de cultura e por consumidores engajados em práticas individuais e em interações sociais uns com os outros, em um processo de consumo coletivo. No domínio da produção audiovisual, temos o YouTube como um microuniverso particular para a análise dessa tensão. Para Burgess e Green (2009), o YouTube é o espaço onde essas categorias não só “coexistem e colidem”, como também “convergem”. Para os autores, o público vê como difusa a distinção entre conteúdos de usuário e de mídias tradicionais, pois “na prática, esses vídeos são quase indistinguíveis e, para alguns participantes, o papel que desempenham é o mesmo” (2009, p. 62). Tratando-se de uma pesquisa em curso, o projeto encontra-se na fase de mapeamento da produção audiovisual soteropolitana criada para a internet, bem como da atividade gerada em torno da sua circulação e consumo. A relação entre estas atividades e juventude é expressa nas temáticas das produções e no perfil de seus produtores e receptores. Neste aspecto, destacamos o embaralhamento da fronteira entre estas instâncias (produção e recepção), já que com a ampliação do acesso às ferramentas e técnicas de produção audiovisual, cada vez mais jovens se lançam em projetos autônomos ou coletivos de produtos audiovisuais. Com efeito, os conceitos de profissional e amador também podem ser relativizados, posto que a linha divisória entre ambos passa a ser mais definida pela formação dos realizadores e a qualidade dos resultados por eles obtidos, do que pela presença de instâncias corporativas, como emissoras de TV e produtoras de vídeo. Entre outros aspectos desta fase exploratória, destacamos a constituição de Webséries que se distinguem: pelo humor calcado na identidade cultural local, ou a dita “baianidade”, como principal vetor temático e de mobilização espectatorial; pela visibilidade de grupos oriundos de zonas periféricas da metrópole; e por uma produção em torno da temática LGBT. |
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Bibliografia | BURGUESS, Jean; GREEN, Joshua. YouTube e a revolução digital. São Paulo: Aleph, 2009.
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