ISBN: 978-85-63552-15-0
Título | O “bom cidadão” e o American Way of Life em filmes de Capra e Lynch |
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Autor | Rogério Ferraraz |
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Coautor | Paulo Roberto Ferreira da Cunha |
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Resumo Expandido | Neste trabalho, feito em co-autoria por Paulo Roberto Ferreira da Cunha e Rogério Ferraraz, será estudada a ideia de “bom cidadão”, através das representações presentes em obras de Frank Capra e David Lynch, trabalhadas em determinados gêneros cinematográficos.
A construção do imaginário sobre a sociedade norte-americana pode ser compreendida, nesta pesquisa, através (1) da ideia de um American Way of Life – a representação de nação de novos ricos, bem cuidados, que valorizam bens de consumo e estilos de ser, os quais comprovam que “a vida vale a pena ser vivida” (BELL, 2001: xii) – e (2) da ideia de um bom cidadão Americano – que é descrito por Ali A. SHUKAIR (1972) por cinco características, conforme apresentadas: os valores democráticos; a prática democrática nas relações humanas (família, escola, comunidade); o reconhecimento dos problemas de seu tempo e seu desejo de encontrar uma solução; a consciência das necessidades humanas; e suas habilidades voltadas a uma ação cívica. Pensamentos e práticas que se encontram encravados no modelo social e econômico daquele país, cuja gênese está na própria Constituição Federal. Entende-se que este modelo teve voz através da importante produção cultural e cinematográfica dos EUA. A ideia de um “bom cidadão” – ou ainda, de “um homem médio” – foi retratada a partir de flagrantes de pessoas comuns em situações comuns que contavam muitas histórias envolvidas em atos comezinhos. Trata-se da caracterização de uma narrativa sob o ponto de vista de pessoas comuns, capaz de refletir momentos e fragmentos de uma sociedade, possível de ser encontrada, por exemplo, na obra do cineasta Frank Capra (1897-1991), bem trabalhada em seu filme A felicidade não se compra (It’s a Wonderful Life, 1946). Neste drama familiar, envolto em fantasia, Capra confronta o altruísmo com o jogo de interesses financeiros numa bucólica cidadezinha, desenvolvendo como idéia central a mensagem que reside em não questionar a validade dos bons sentimentos, mas lembrar que, apesar deles, há sempre uma decisão a ser tomada e que este percurso obriga, por vezes, a que não se faça necessariamente o que se desejava antes, sob o preço de frustrações e de dor. Quatro décadas depois, o cineasta David Lynch (1946-) oferece um mosaico comportamental de variados personagens que retratam a América em seu microcosmo e sugere uma ruptura com o lugar comum para, na fissura, instalar o questionamento através de representações supostamente bizarras que antagonizam com o American Way of Life. No conjunto da obra de David Lynch, pode-se destacar o filme Veludo Azul (Blue Velvet, 1986), um thriller policial com atmosfera de horror, que atualiza estereótipos para servir ao antagonismo exacerbado proposto entre os pontos de vista dos personagens, com recursos de violência, sadomasoquismo e perversão em uma típica América suburbana, fazendo, assim, uma intervenção na ideia do modelo idealizado. Desta forma, a proposta é investigar e sublinhar as diferentes representações do “bom cidadão”, vistas sob as lentes de Capra e Lynch, como forma de entender o imaginário ora idealizado ora crítico da sociedade norte-americana, sem deixar de lado seus respectivos contextos e com um olhar sobre a possibilidade de aderência dessa temática na relação direta com gêneros cinematográficos. |
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Bibliografia | ATKINSON, Michael. Veludo azul. RJ: Rocco, 2002.
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