ISBN: 978-85-63552-15-0
Título | Díspares ou Semelhantes? O feminino representado em Antônia e Suburbia |
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Autor | Daniele Gross |
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Resumo Expandido | No que diz respeito à televisão, podemos afirmar que, apesar de ter um considerável público masculino, o veículo foi – e em boa parte ainda o é – desenvolvido buscando angariar como seu público central a mulher. A televisão ainda é, em grande parte, aparelho doméstico, lugar dominado pela mulher nas décadas iniciais de desenvolvimento do veículo. Assim, os grupos televisivos desenvolveram programas que buscassem agradar a esse público na maior parte da grade, bem como distribuiu programas que mantivessem e agradassem um outro, o masculino, em horário que já estivessem em casa – à noite –, como os telejornais. Em seguida, repetindo o sucesso das radionovelas, a TV trouxe a seu público programas que angariassem toda a família, como as telenovelas.
Lugar de forte representação social, a televisão, desde seu início, fez parte do cotidiano do brasileiro, tornando-se o principal meio de comunicação de massa em nosso país, e tendo seus programas debatidos nas rodas sociais. Assim, se em seu início a televisão privilegiou os grupos hegemônicos, então, por que ao debatermos as questões das minorias sociais não incluímos as mulheres nesse debate, já que este é um grupo social que sofreu fortes depreciações sociais, tendo sido excluído durante séculos afora? A proposta que aqui fazemos parte do pressuposto de que, mesmo sendo uma minoria social, as mulheres tiveram sua representação intensificada, visto a programação televisiva ser direcionada, em muitos momentos, a elas. Deste ponto, acreditamos que os discursos enunciados, ao carregarem o feminino em seus programas – aqui com destaque para a teledramaturgia -, tratavam de fazê-lo de forma a reverberar o discurso socialmente impetrado, que colocava a mulher em lugar de submissão ao homem. Entretanto, se assim foi feito nas décadas iniciais, hoje, passados 60 anos do surgimento da televisão no país, vivendo em uma sociedade que de alguma forma dá maior visibilidade às minorias, como se encontra a representação do feminino na teledramaturgia? Para responder a esse questionamento analisaremos dois programas que têm seu protagonismo em personagens mulheres. Apresentados pela Rede Globo, Antônia (2006/2007) e Suburbia (2012) servirão de aporte para buscarmos compreender como o feminino é representado na televisão brasileira, especificamente na teledramaturgia. Antônia é baseado em filme homônimo e veiculou duas temporadas, ambas com cinco episódios cada, sendo apresentados às sextas-feiras, às 23h, sendo sua narrativa uma continuação da história apresentada no filme (aqui, analisaremos apenas a primeira temporada). Assim, o seriado traz a história de quatro amigas de infância, moradoras da Vila Brasilândia, bairro da periferia de São Paulo, localizado na Zona Norte da capital, que buscam o sucesso profissional, por meio do grupo de rap formado por elas, e que dá nome ao seriado, o Antônia. O segundo programa a ser analisado é a minissérie Suburbia, que teve sua veiculação em novembro de 2012, tendo sido apresentado, sempre às terças-feiras, próximo da meia-noite, em oito episódios. A minissérie traz a história de Conceição, menina sem sobrenome e que é assim batizada porque a mãe era devota de Nossa Senhora da Conceição Aparecida. Em busca de uma vida melhor, sai de casa ainda garota, indo para o Rio de Janeiro, deixando para traz a família que vivia e trabalhava em uma carvoaria. O programa narra a vida de Conceição, seus dramas, tristezas e vitórias; sua complexa vida amorosa, bem como a problemática e as vitórias de sua personagem – narrativa típica das heroínas da teledramaturgia. Buscando traçar o feminino representado na teledramaturgia nacional, apresentaremos uma análise comparativa entre os programas e a mulher enunciada em seus discursos, bem como respondendo à hipótese inicial do artigo, quando questionamos se a mulher carregada nesses programas é um simulacro da sociedade em que estamos instaurados, ou se apresenta um perfil diferente do padrão hegemônico estabelecido. |
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Bibliografia | ALMEIDA, H. B. de. Melodrama Comercial: reflexões sobre a feminilização da telenovela. Cadernos Pagu, nº 19. Campinas: 2002, pp. 171-194.
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