ISBN: 978-85-63552-15-0
Título | O cinema negro da década de 70 |
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Autor | Noel dos Santos Carvalho |
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Resumo Expandido | Nos anos 1960 o cinema novo reivindicou através de textos e manifestos o protagonismo quanto representação do negro no cinema brasileiro. O texto/manifesto escrito em 1965 por David Neves, O Cinema de Assunto e Autor Negros no Brasil, se pretende revisão da temática racial e manifesto do cinema negro. No final dos anos 1970 o negro foi novamente tematizado por outro cardeal do movimento, Orlando Senna, no artigo Preto-e-Branco ou Colorido: O Negro e o Cinema Brasileiro. Nele o autor faz um balanço histórico sobre a representação do negro no cinema brasileiro do silencioso ao cinema novo e aponta para a renovação da temática com a recente produção dos diretores negros (CARVALHO, 2008).
No plano da realização a temática racial foi encenada em obras que abordaram o racismo, os casamentos inter-raciais, a história e a religiosidade afro-brasileira. O sociólogo Roger Bastide no seu estudo sobre o teatro negro atentou para a continuidade entre os filmes realizados a partir dos anos 1970 e as experiências do Teatro Experimental do Negro (TEN) (BASTIDE, 1983). É do período também a estréia de uma nova geração de atores negros, quase todos egressos do cinema novo, na produção e direção cinematográficas. A partir de meados da década de 70 Zózimo Bulbul, Antonio Pitanga, Waldir Onofre e Quim Negro (Joaquim Teodoro) realizaram os seus filmes de curta e longa-metragem (STAM, 2008). O ponto fora da curva foi Odilon Lopes. Em 1975 Waldyr Onofre dirigiu seu longa-metragem, As aventuras amorosas de um padeiro, produzido por Nelson Pereira dos Santos. Onofre, como vários atores da sua geração, ingressou no Centro Popular de Cultura (CPC) na década de 60. No CPC fez teatro de agitação política e atuou ator no filme Cinco Vezes Favela (1962), obra símbolo do movimento cinemanovista. Foi ainda ator, assistente de direção e diretor de elenco em filmes dirigidos por Nelson Pereira dos Santos. Em 1978 foi a vez de Antonio Pitanga, um dos principais atores do cinema novo, realizar o longa-metragem, Na boca do mundo, produzido por Carlos Diegues. Pitanga é fruto da avant gard baiana, movimento que agitou a vida cultural soteropolitana nos anos 50 e 60 (RISÉRIO, 1995). Pitanga iniciou a carreira no cinema atuando no primeiro longa-metragem produzido na Bahia, Bahia de Todos os Santos, realizado pelo paulista Trigueirinho Neto, em 1960. Em seguida trabalhou em Barravento de Glauber Rocha e fez profusa carreira no cinema e televisão. No ano seguinte Quim Negro filmou seu segundo documentário de curta-metragem intitulado Um crioulo brasileiro. Quim havia dirigido antes outro documentário: Recreação Educativa do órfão: teatro na educação (1977). Fora do eixo Rio de Janeiro e São Paulo, Odilon Lopes dirigiu em 1970 no Rio Grande do Sul o filme Um É Pouco, Dois É Bom, a partir do roteiro de Luiz Fernando Veríssimo. Odilon começou sua carreira ainda na fase da chanchada como ator e assistente dos principais diretores do gênero. Trabalhou com Watson Macedo, Ronaldo Lupo e Roberto Farias. Na década de 60, residindo em Porto Alegre, ingressou na TV Piratini como cinegrafista e ator. Os filmes e diretores acima mantém uma relação direta com os cineastas e a temática inaugurada pelo cinema novo. A saber uma abordagem do popular em que a cultura e a história do negro ocuparam posição central. Esta comunicação pretende abordar: 1) os filmes e o contexto social de produção em que foram realizados, 2) as representações das relações raciais entre negros e brancos e 3) o tratamento dado a cultura e a religiosidade afro-brasileira. |
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Bibliografia | BASTIDE, Roger. Sociologia do teatro negro. In: QUEIROZ, Maria Isaura Pereira de (Org.). Roger Bastide. São Paulo: Ática, 1983.
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