ISBN: 978-85-63552-15-0
Título | O questionamento do gênero policial no filme Chumbo Grosso |
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Autor | Lucas Ravazzano de Mattos Batista |
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Resumo Expandido | O presente trabalho visa discutir como o filme Chumbo Grosso (2007), do diretor britânico Edgar Wright, se apropria das convenções da narrativa policial, questionando-as e utilizando as mesmas para produzir sentidos diferentes daqueles que normalmente se identificam dentro dos produtos do gênero.
Primeiramente utilizaremos noções de Rick Altman (1987, 2000) sobre o funcionamento dos gêneros cinematográficos na produção hollywoodiana e como eles operam em uma constante tensão entre a conformidade entre os modelos e uma busca por novos elementos. Recorreremos também a Stephen Neale (1980, 2000), cujos trabalhos entendem que os gêneros contem características estilísticas que transcendem os filmes, e cuja construção é verificada pelos realizadores e lida pelos espectadores. Também será utilizado o trabalho de David Bordwell (2006), bem como o de Bordwell e Thompson (2001), para compreender como os gêneros funcionariam como um modo de guiar a recepção e a leitura de seus produtos ao usar formatos já conhecidos e compreendidos como convencionais Assim sendo, usaremos a perspectiva de Altman de que os gêneros se construiriam por ciclos de filmes e que novos ciclos são criados ao agregarem novos materiais, formatos ou ideias às perspectivas já existentes. Entretanto, os gêneros se desgastam conforme se difundem e o funcionamento de seus mecanismos estilísticos e narrativos tornam-se mais conhecidos do público e da crítica, tornando impossível que esses mecanismos permaneçam em uma camada simbólica oculta. Assim, Altman afere quatro resoluções possíveis para que um determinado gênero consiga se manter relevante, uma delas seria realizar filmes que sejam autoconscientes de sua natureza datada, reducionista e previsível e assim “colocar para dormir as faculdades críticas do espectador”. Ou seja, produzindo uma obra que dialogue com essas convenções e as exponha como elementos já desgastados e batidos. Argumentaremos, portanto, que este é o posicionamento da obra analisada, que irá expor ao ridículo recursos já batidos da narrativa policial de modo a abrir caminho para novas abordagens ao gênero. Recorreremos a trabalhos de autores como Albuquerque (1979), Reimão (1983), Piglia (1994) e Scaggs (2005) para revelar como a narrativa policial é calcada principalmente na lógica e racionalidade, na qual o investigador usa do raciocínio lógico-dedutivo para desvendar crimes, bem como para compreender como são construídas as tramas e personagens típicos da narrativa policial. Uma vez compreendido como as convenções do gênero destacam e exaltam o raciocínio lógico, buscaremos demonstrar como Chumbo Grosso dialoga e faz comédia em cima dessas longevas convenções de narrativa e construção de personagem, bem como com a importância da lógica para este tipo de produto, evidenciando como essas perspectivas já se tornaram previsíveis e que o gênero precisa absorver novas visões para continuar despertando interesse. Na construção da análise usaremos os trabalhos de Andre Gaudreault (2009), Gaudreault e Jost (2009) e Christian Metz (1972) para falar da enunciação do discurso fílmico. Trataremos dos usos da música e dos sons a partir de Michel Chion (2011) e Claudia Gorbman (1987), usaremos noções de Vincent Amiel (2011) e Ken Dancyger (2003) para tratar dos usos da montagem. Bordwell (2009) será usado para tratar de enquadramentos e movimentos de câmera. A partir desse conjunto de referências iniciais o presente trabalho buscará dar conta do funcionamento dos diferentes elementos do cinema e no filme analisado de modo a compreender como são articulados de modo questionar as premissas do gênero. |
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Bibliografia | ALBUQUERQUE, Paulo de Medeiros e. O Mundo Emocionante do Romance Policial. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1979.
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