ISBN: 978-85-63552-15-0
Título | O ÚLTIMO CINEJORNAL DE LÍBERO LUXARDO |
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Autor | Ana Lucia Lobato de Azevedo |
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Resumo Expandido | Os cinejornais produzidos por Líbero Luxardo, durante as décadas de 1940 e 1950, no estado do Pará, têm um papel de destaque na produção de então naquele estado, composta por um número escasso de filmes. Tais cinejornais foram realizados sob o patrocínio de Magalhães Barata, importante político do Estado do Pará, por um período de 30 anos, e tinham o objetivo de dar suporte à sua carreira política, situação frequente na produção brasileira de cinejornais (Autran, 2088:11-13). Desse conjunto de cinejornais, muito pouco chegou até os dias de hoje, tendo sido localizadas, até o presente momento, apenas duas edições de 1959, uma delas, de caráter especial, que tem como título atribuído Homenagem Póstuma a Magalhães Barata .
Esse último cinejornal realizado por Líbero Luxardo aborda o velório e enterro de Magalhães Barata, que falece em pleno exercício de seu terceiro mandato como Governador do Pará. Muito mais do que um registro distanciado desse importante acontecimento, que mobiliza um enorme contingente da população belemense, o próprio filme se constitui numa emocionada homenagem a Magalhães Barata, como indicado no título que lhe foi atribuído. Homenagem Póstuma tem uma produção esmerada, com o intuito, certamente, de se constituir numa homenagem à altura do político por quem demonstra tão profunda admiração. O trabalho ora proposto, que pretende contribuir para a história do cinema realizado no estado do Pará, bem como para o estudo da produção de cinejornais no Brasil, tem como objetivo abordar o filme Homenagem Póstuma a Magalhães Barata, tanto colocando-o em diálogo com as características próprias ao gênero cinejornal, apontadas por Reisz e Millar (1978: 188-199), como destacando os aspectos particulares de sua construção. A análise desse cinejornal nos permitirá, por um lado, enfocar os aspectos de sua estrutura, as questões que dizem respeito ao estilo fílmico e aos recursos retóricos aí envolvidos, destacando-se o entrelaçamento que realiza entre a abordagem do velório / enterro, e o perfil-síntese que constrói de Magalhães Barata. Dessa forma, chegaremos aos aspectos da representação do político paraense e de sua atuação acionados pelo filme, ao modo como constrói o perfil do líder morto e lhe tece homenagens. Embora tal cinejornal não possa ser tido como uma amostragem do conjunto de filmes produzidos por Líbero Luxardo, algumas facetas da representação do político Magalhães Barata, construída ao longo da produção dos cinejornais, certamente coincidem com o que nos é mostrado em Homenagem Póstuma, que destaca momentos da atuação de Barata e as prioridades de suas gestões nos cargos que ocupou. O filme nos revela, portanto, um pouco da maneira como Barata se percebia e pretendia ser reconhecido pela população paraense, no que concerne ao seu desempenho político. É importante salientar, ainda, o papel dos condicionamentos e embates presentes na conjuntura em que se dá a morte do governador Barata, o que certamente teve seu peso na seleção dos fatos e questões de sua trajetória incluídos no filme. Trataremos também do repercussão de Homenagem Póstuma a Magalhães Barata, do circuito que o mesmo percorreu nos cinemas da cidade de Belém, confrontando-o com aquele em que foram exibidos os demais números do cinejornal. Isso será feito, sobretudo, a partir das notícias publicadas na imprensa sobre a morte de Barata e as homenagens que lhe foram prestadas, nas quais buscaremos informações tanto sobre a realização do filme, quanto a respeito da exibição do mesmo nos cinemas da cidade de Belém. |
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Bibliografia | ARCHANGELO, Rodrigo. “O Bandeirante da tela: cenas políticas do adhemarismo em São Paulo (1947:1956)”. In: Morettin, Eduardo et al (orgs.). História e documentário. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2012.
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