ISBN: 978-85-63552-15-0
Título | Economia e Cinema, uma relação necessária |
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Autor | Teresa Noll Trindade |
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Resumo Expandido | Segundo Laurent Creton, Economia do cinema consiste em aplicar “um quadro disciplinar [a economia] a um objeto de estudo particular [o cinema]”. Esta analogia proposta pelo teórico francês, Economia do cinema, encontra-se dentro da esfera da Economia da Cultura, que nada mais é do que o “(...) uso da lógica econômica e de sua metodologia no campo da cultura”.
Através dessas duas citações propomos, com este trabalho, um estudo sobre alguns fundamentos da economia e sua relação com o mercado do cinema brasileiro, para buscar, desta maneira, uma reflexão sobre a atual situação da indústria cinematográfica nacional. Desde o fechamento das atividades da Embrafilme, assim como a de fundações e empresas públicas ligadas à cultura, no governo de Fernando Collor de Melo (1990-1992), os vários setores ligados ao cinema e seus agentes vêm discutindo e propondo políticas para o setor, avaliando a melhor forma de desenvolvê-lo. Questões de como o Estado (Ministério da Cultura e Ancine, assim como as demais esferas envolvidas) deve proceder, em suas políticas públicas e a sua relação com o mercado, sempre são tema de debates acalorados. O mercado nacional cinematográfico produz um número de filmes que, em sua imensa maioria, não são obras de cunho comercial e acabam sofrendo duras consequências na etapa de distribuição e exibição, pois o retorno econômico na sala de cinema está cada vez mais difícil de ser alcançado. No modelo atual, o filme deve obter, na sala comercial, o maior número de espectadores logo no primeiro final de semana, o que garantirá a sua permanência por mais uma semana em cartaz. Porém, esse sistema funciona bem para filmes com uma vocação comercial, ainda que não seja uma garantia, mas não para a maioria de filmes produzidos anualmente no Brasil. Existem alguns exibidores que fazem exceções, fechando um pacote mensal, independente do público, mas estipulando apenas uma sessão diária. O que se percebe é que esse mecanismo beneficia e interessa a um tipo específico de filmes: aos blockbusters, que obtêm público acima da faixa dos 2 milhões de espectadores, cifra que tem se tornado cada vez mais difícil de ser alcançada pelo cinema nacional. Mas ao mesmo tempo, comparações e relações estatísticas entre um filme de ficção que custou R$17 milhões e fez 2 milhões de espectadores com um documentário de R$1 milhão e com 100 mil espectadores, também não parecem muito produtivas na perspectiva de apontar o ranking dos filmes mais vistos. Além de circular em outras janelas, tratam-se de produtos diferentes para públicos diferentes, ainda que ambos estejam na sala de cinema e sob a ótica do retorno econômico em menor tempo. Qualquer atividade pode ser pensada do ponto de vista econômico, e fazer isso não significa que se esteja reduzindo o seu teor artístico. “(...) as artes devem ser pensadas economicamente, para serem fomentadas e promovidas com mais equidade e eficiência”. Muitos filmes são assistidos em outras janelas que não na sala comercial de cinema, entretanto não existem números confiáveis que comprovem isso pois não há dados estatísticos a respeito. Será que mapear esse “universo paralelo” onde esses filmes são apresentados não poderia ser um caminho inicial para se tentar vislumbrar um valor econômico para esses produtos? Todo filme tem atribuído a ele um valor comercial, além do artístico, mas o primeiro é muitas vezes é ocultado por falta de mecanismos que o meçam. Dessa maneira, este trabalho buscará propor reflexões, ainda que exploratórias, sobre a necessidade de criarmos dados e estatísticas econômicas para a cultura, especificamente para o cinema nacional, buscando mecanismos para atribuir valor econômico a esses filmes que são produzidos anualmente no Brasil. Essa produção tem uma importância social e política enquanto arte, mas também um valor econômico enquanto produto. |
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Bibliografia | BENHAMOU, Françoise. A Economia da Cultura. São Paulo: Ateliê Editorial, 2007.
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