ISBN: 978-85-63552-15-0
Título | Sistema de aparecimento do ator: Marlon Brando nos anos 50 |
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Autor | Eduardo Bordinhon de Moraes |
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Resumo Expandido | Nosso objetivo é a investigação de elementos do trabalho de ator dentro do processo da criação de um filme, tendo como foco o padrão de figuras que o ator apresenta ao longo de sua filmografia e também seu processo de construção de personagens e cenas.
O desenvolvimento dessa investigação ocorre por meio da análise do trabalho do ator norte americano Marlon Brando (1924-2004) durante o início de sua carreira nos anos de 1950. Por possuir uma filmografia extensa e por sua formação estar ligada a técnicas de representação teatral, a carreira de Brando possibilita vasto material para a realização de análise à luz de uma bibliografia relacionada tanto a questões de interpretação, os escritos de Constantin Stanislavski e Stella Adler, quanto a elementos específicos do cinema, seu sistema de aparecimento nos filmes, suas orientações essenciais, a relação com os diretores e com o dispositivo cinematográfico, a câmera. A análise é dividida em duas frentes principais que se entrecruzam. A primeira é a investigação das figuras ou orientações essenciais (Moullet, 1993) de Brando, como o seu constante aparecimento em figuras líderes de grupos, mas líderes ou grupos que estão à margem do sistema vigente, como o revolucionário Emiliano Zapata em Viva Zapata! (Elia Kazan, 1952), o jovem rebelde Johnny em O Selvagem (Laslo Benedek, 1953) e Terry Malloy em O Sindicato de Ladrões (Elia Kazan, 1954). Essa associação de Brando a personagens à margem de um sistema também resvala em sua figura pública. Brando era reticente quanto ao sistema industrial ao qual eram inseridos os atores e se colocava fora disso, avesso a entrevistas e a campanhas publicitárias. Assim, criou-se um amálgama da figura fílimica, seus personagens “outsiders”, e prafílmica, sua figura pública, originando um terceiro Marlon Brando, a estrela (MORIN, 1972) e a análise dessa terceira figura é importante no estudo do ator porque o liga com a imagem que o público já traz consigo ao ver um filme com Marlon Brando. Inserido também no sistema de aparecimento de Brando está a fragilização da figura masculina no cinema. Se antes dos anos 50 o padrão masculino era o homem indestrutível, encarnado por Humphrey Bogart e Clark Gable, nesse período os homens mostram suas fragilidades e sentimentos e Brando fará o padrão do homem viril que tem por baixo de sua brutalidade, uma delicadeza e fragilidade que o levam, muitas vezes, às lágrimas. A segunda frente de análise busca a relação de Brando com a construção de seus personagens, seus procedimentos técnicos, gestos e voz. Brando estudou com a americana Stella Adler os ensinamentos de interpretação oriundos de Stanislavski e essa nova técnica de representar, ligada a busca de uma interpretação que se aproximasse da verdade, servia bem ao aprofundamento na psicologia do personagem. Contudo, vale ressaltar que, para Brando e Adler, tal aprofundamento estava ligado a construção de ações na cena e não a um mergulho do ator em sua memória em busca de uma analogia com o momento da cena, como, no mesmo período, irá aplicar Lee Strasberg no Actor’s Studio. Com esse trabalho, pretende-se um levantamento de elementos e procedimentos para auxiliar no estudo do ator que deseja atuar no cinema, bem como para diretores que desejam estudar as especificidades do trabalho do ator nessa linguagem. |
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Bibliografia | ADLER Stella. Técnica da representação teatral. Rio de Janeiro: Editora Civilização Brasileira, 2002.
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