ISBN: 978-85-63552-15-0
Título | A chegada do cinema sonoro a Campinas nas páginas do Correio Popular |
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Autor | Natasha Hernandez Almeida Zapata |
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Resumo Expandido | Em 2 de outubro de 1894, no Teatro São Carlos, a companhia de variedades de Faure Nicolay trouxe a Campinas, dentre outros aparelhos recém-inventados, o “Diaphanorama Universal”. Logo em 1895, já se noticiava a exibição, também no Teatro São Carlos, do kinetoscópio de Edson.A primeira sessão pública de cinema na cidade se concretizou em setembro de 1897,também a cargo da companhia de Faure Nicolay. Posteriormente, inúmeras companhias de variedades passaram pela cidade. Somente em 1909 surgiram as salas adaptadas para as projeções cinematográficas, o Bijou, em 27 de março, o Recreio, em 8 de maio, e o cinema do Externato São João. Seu funcionamento, entretanto, demonstrava-se de grande precariedade, visto que o abastecimento elétrico começara somente em 1908, possuidor ainda de muitas falhas. Em 1910, foram fundados o Cinema “Salão Caritas” e o Casino Carlos Gomes. O aparecimento do Cine Radium data de 1911. Em 1916, foi inaugurado o Coliseu, que antes se destinava à apresentação de touradas e havia sido adaptado para abrigar exibições cinematográficas. Juntamente com o Rink e o Casino, ele reinaria nas noites campineiras, no início dos anos 1920. Em 1924, o então demolido Teatro São Carlos foi reinaugurado, agora como Cine Teatro São Carlos. Dois anos depois, foi criado o Cine República, com dois mil lugares e administração da Empresa Coelho & Muniz. O som chega às salas de cinema de Campinas logo no início de 1930, enquanto, na capital, a primeira exibição de um filme sincronizado ocorrera no ano anterior. No início da década de 1930, com os benefícios do capital acumulado com o plantio de café em determinadas regiões do estado de São Paulo, passou-se a incentivar o desenvolvimento industrial e a modernização das cidades. O ato de equipar as salas de exibição para a divulgação de filmes sonoros também fazia parte desse ímpeto modernizador trazido pelo acúmulo do capital cafeeiro em Campinas, e é o objetivo desse trabalho entender, através das páginas do jornal Correio Popular, de que maneira isso ocorreu. De acordo com o periódico, após muitas tentativas malogradas, deu-se a exibição de O pagão (The pagan, W. S. Van Dyke, EUA, 1929), uma produção da Metro com Ramon Novarro, no dia 28 de janeiro de 1930, no Cine São Carlos, pelo sistema Vitaphone, exibindo, como complemento, um desenho animado com uma orquestra maluca de animais. Depois de algumas experiências mal sucedidas, como relata o jornal, o Rink também adotou o cinema falado, exibindo, em 12 de abril, Fox Movietone Follies of 1929 (David Butler, 1929). Assim, a partir de uma análise minuciosa das diferentes matérias publicadas no Correio sobre o assunto, com base na ideia de uma historiografia de crise, como propõe Rick Altman, em Silent film sound (New York: Columbia University Press, 2004), pretende-se compreender o percurso que envolve o início das tentativas de sonorização nas salas da cidade, passando pelo momento exitoso da exibição sincronizada no São Carlos, seguindo para o período, de quase três meses, de experimentos novamente frustrados, até a segunda sessão sonora tida como satisfatória, no Rink. Dessa forma, será possível observar as tentativas de trazer a Campinas o cinema sonoro, considerando não somente as sessões realizadas com sucesso, mas também os momentos de fracasso, a fim de identificar os agentes envolvidos nesse processo, bem como a reação dos espectadores durante a fase inaugural da consolidação do som nos cinemas da cidade. |
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Bibliografia | ALTMAN, Rick. Silent film sound. New York: Columbia University Press, 2004.
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