ISBN: 978-85-63552-15-0
Título | WEBDOCUMENTÁRIO E UMA NOVA PROPOSIÇÃO ÉTICA |
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Autor | Wagner Cantori |
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Resumo Expandido | Os webdocumentários são narrativas não lineares que circulam através da internet. É um fenômeno que só aparece nos últimos dez anos e justamente por ser algo novo, ainda se encontra em estado de desenvolvimento. A primeira vez que o termo webdocumentários é utilizado foi em 2002, no festival de documentários Cinema du Réel, mas 2010 é o ano em que a designação toma fôlego e se espalha por todo o mundo com dois produtos principais Prison Valley, produzido pelo multimidiático canal franco-alemão ARTE e Out of my window, produzido pela NFB – National Film Board do Canadá. Dois órgãos já conhecidos e consagrados no campo do documentário. Muitas instâncias de consagração também têm aberto espaço para a premiação desta nova categoria, como o International Documentary Film Amsterdam (IDFA) que neste ano está em sua edição de número 25, entra na sua 5º edição de seu programa de novas mídias, o IDFA DocLab.
Classificamos como Webdocumentários essas produções executadas exclusivamente para que circulem no ciberespaço, respeitando as características e necessidades do meio. Um webdocumentário tem a roupagem de “sistema” multimídia, normalmente acessado pela internet, que reúne informações em diferentes formatos – textos, áudios, vídeos, fotos, ilustrações e animações – a respeito de um tema específico, permitindo ao telespectador o controle da navegação, a interação e a participação. Ou seja, não existe uma ordem dada para que este conteúdo multimídia seja assimilado. O que fica evidente é que esses produtos não podem ser “assistidos” da mesma forma que documentário feito para cinema ou TV. Ele precisa de um público que está familiarizado com o computador, internet e as redes sociais. Este tipo de produção é caracterizada principalmente por sua não linearidade e também pela sua possibilidade de interação e participação, mas não se resumem a isso. Os webdocumentários fazem parte de um novo formato que emerge no campo documentário mas que ainda assim “não deixa de se comunicar com recorrências textuais sistematizadas na teoria fundamentada em documentários lineares” (Levin, 2014). Ou seja, não é algo completamente novo ou reinventado e nem mesmo uma evolução do primeiro gênero, que vem para quebrar com todos os paradigmas já visualizados ou mesmo vislumbrados no universo do cinema documentário. Ao longo de sua história e desenvolvimento a tradição do cinema documentário sempre esteve atrelada ao desenvolvimento tecnológico. O caso clássico é o surgimento do nagra e as câmeras portáteis que possibilitaram a aparição do cinema direto, em 1950. Os recursos disponibilizados pelas tecnologias modernas foram chegando aos poucos, mas mudando completamente as formas com as quais nos comunicamos e executamos algumas de nossas tarefas. Com o popularização das conexões banda larga e o advento da Internet 2.0, a interação com a máquina é um imperativo entre os que tem se acostumado a este suporte para trabalho ou mesmo na vida pessoal. Em um universo onde o embate com o mundo se dá, cada vez mais, mediado pelo computador, o adventos dos webdocumentários se instaura. Em nosso corpus de análise selecionamos dois projetos canadense National Film Board “Out my window” e “Jornal of Insomnia” e dois projetos da Art.TV “Prison Valey” e “Sderot/Gaza”. Do Brasil, selecionamos “Filhos do Tremor” e “Rio de Janeiro: Autorretrato”. |
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Bibliografia | LIETART, Matthiel (ed.). Webdocs: a survival guide for on-line filmmakers. Bruxelas, Not So Crazy! Productions, 2011.
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