ISBN: 978-85-63552-15-0
Título | Produção seriada para multiplaformas: Arrested Development e Netflix |
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Autor | João Carlos Massarolo |
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Resumo Expandido | Os provedores online e as plataformas (aplicativos), tais como o Netflix, funcionam como uma janela assíncrona de conteúdos, pois o usuário do serviço acessa uma série televisiva, por exemplo, fora do espaço televisivo, no momento em que achar conveniente, dentro da grade selecionada pelo próprio usuário. O modo como as audiências se relacionam com as plataformas modifica a sua forma de engajamento com os próprios episódios da série. Na televisão convencional, a audiência recebe uma grade fixa e hierarquizada por faixas de horários, enquanto que provedores como a Netflix se apresentam como “plataformas televisivas alternativas” (Evans, 2011, p. 40). Entre as séries ficcionais brasileiras disponíveis no catálogo destacam-se: Julie e os Fant asmas (2011), produção da Mixer em parceria com Rede Bandeirantes e o canal pago Nickelodeon; Descolados (2009), produção da Mixer e exibida pela MTV Brasil; as animação The Jorges (2007) e Fudêncio (2005-2011), produzidas e exibidas pela MTV Brasil. Em 2012, a Netflix passou a exibir séries originais, visando agregar qualidade e valor à marca. A série Lilyhammer (2012-), é uma produção em parceria com a emissora de TV norueguesa NRK1. A série de terror, Hemlock Grove (2013-) é uma produção da Gaumont International Television, dirigida Eli Roth na primeira temporada. No lançamento da série House of Cards (2013), foram entregues todos os episódios originais de uma só vez, colocando “em questão o sistema adotado, até hoje, por emissoras no mundo inteiro, de exibir um capítulo inédito por semana” (Stycer, 2013, p. 10). Essa estratégia atende aos interesses dos assinantes do serviço.
Em 2013, o serviço Netflix colocou à disposição de seus assinantes, de uma só vez, os 15 novos episódios da quarta temporada da série Arrested Development, com duração bastante variada e sem uma ordem de encadeamento linear. Entre 2003 e 2006, a Fox havia exibido as três primeiras temporadas dessa série de humor, mas cancelou por falta de público. Arrested Development foi parar no catálogo da Netflix, que através de sondagens detectou o caráter “cult” da série entre os assinantes e investiu na sua continuidade. A Netflix é um serviço de assinatura de baixo custo comparado ao de televisão paga. O seu modelo de negócios afeta o consumo de mídia e a produção de séries, pois oferece liberdade criativa sem as pressões habituais da televisão. Neste sentido, a Netflix toma para si a função de repensar a televisão, como uma provedora de conteúdo e plataformas que transformou o modo de produção, distribuição e consumo do conteúdo tradicional da TV. O modelo de negócios da Netflix busca qualificar a marca da empresa como distribuidora e geradora de conteúdos que seleciona os conteúdos do seu catálogo conforme o interesse dos clientes, além de produzir séries originais que se destacam frente ao mercado televisivo. Esse modelo de negócio se espelha na HBO, ou seja, a Netflix depende cada vez menos dos estúdios de Hollywood, fazendo da produção de conteúdo original para aplicativos um dos possíveis futuros para o consumo de conteúdo televisivo, o que se configura como uma nova forma de assistir séries televisivas. Esta proposta de trabalho pretende abordar a Produção seriada para multiplaformas: o caso de Arrested Development na Netflix, com o objetivo de analisar de que o modo o programa se distancia de uma estética televisiva que predominou no gênero sitcom, desde suas origens, nos anos 1950, buscando identificar seus desdobramentos nas novas plataformas para a produção seriada. Pretende-se assim, investigar o retorno da série nos serviços das Netflix, buscando analisar a nova forma assumida pelo programa e o resultado cômico decorrente da sua composição episódica mais alongada e uma estrutura narrativa que pode ser considerada como bastante diferente daquela que predominou nas três primeiras temporadas. Neste aspecto, busca-se entender a televisão como um todo, e sua inserção no contexto da ecologia das mídias. |
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Bibliografia | JENKINS, H. Cultura da convergência. São Paulo: Aleph, 2008.
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