ISBN: 978-85-63552-15-0
Título | 3% - Uma visão distópica em piloto de teledramaturgia |
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Autor | Nanci Rodrigues Barbosa |
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Resumo Expandido | Esta apresentação analisa a proposta da minissérie de ficção científica 3%, criada por Pedro Aguilera, na qual os personagens batalham para serem aprovados em um processo de seleção que permitirá o acesso a um suposto mundo melhor. Mas, somente 3% dos candidatos podem ser aprovados e a possibilidade de concorrer é única, ao completarem 20 anos de idade. O projeto desta minissérie foi um dos oito selecionados no edital FICTV/Mais Cultura, destinado ao Desenvolvimento e Produção de Teledramaturgia Seriada. O objetivo do edital era produzir conteúdos sobre a juventude brasileira, a partir da análise de jovens de classe C, D e E. O piloto desta minissérie 3%, veiculado na internet, recebeu mais de 200 mil visualizações.
Partindo das idéias, apontadas na tese de Alfredo Supia, de que a ficção científica trata ou evoca o mundo real, que “guarda relação sobre o impacto da ciência no imaginário” (Harrison); que “se refere ao futuro, mas remonta a algo de atávico, profundamente enraizado” (Rilla), busca-se identificar neste piloto expressões do real presentes nesta obra destacando o imaginário distópico com forte expressão totalitária e suas relações com os conceitos de heterogeneidade multitemporal de Canclini. Se no período de ditadura, como afirma Xavier, “A ficção científica ajuda a driblar a censura e cria o contexto unificado para a simulação de uma sociedade que alude ao Brasil militarizado de 1969/70 e seus projetos de modernização” nesta minissérie é possível refletir sobre os processos de opressão e exclusão que a modernização, o modelo econômico atual e as elites promovem. A trama desenhada nos remete aos processos de seleção enfrentados pelos jovens, em especial para entrada no mercado de trabalho, mas também as experiências de diásporas enfrentadas na busca de uma melhor condição para realizar os projetos de vida. A minissérie apresenta um ambiente hostil, com clima de urgência e relações tensas entre os jovens e os selecionadores, mas também observa-se solidariedade, disputas e dissimulações entre os candidatos. Os embates entre o sonho e o desejo com o medo do fracasso e das suas implicações tem no diálogo um grande propulsor da ação, que se desenvolve em um espaço que remete à uma prisão. |
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Bibliografia | CANCLINI, Nestor Garcia. Culturas Hibridas. São Paulo: EDUSP, 1997
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