ISBN: 978-85-63552-15-0
Título | A personagem infantil como estratégia narrativa no cinema histórico |
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Autor | Inara de Amorim Rosas |
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Resumo Expandido | A presente proposta tem como objetivo empreender uma análise e interpretação dos filmes Kamchatka (Argentina, 2002), Machuca (Chile, 2002) e O ano em que meus pais saíram de férias (Brasil, 2006), tendo como ponto de partida sua classificação enquanto gênero de filme de representação histórica. Compreendendo que a noção de gênero cinematográfico é permeável às tensões históricas e sociais, propomos que os filmes estudados se encaixam num subgênero dos filmes históricos, a de filmes históricos que possuem uma criança como a protagonista dos fatos relatados. Após esclarecer os caminhos que nos levaram a esta classificação, que acreditamos ser uma forma de resignificar o gênero, muitas vezes contando fatos históricos de forma mais amena, arejada, evitando em alguns casos estereótipos e maniqueísmos, partimos para uma análise narrativa dos filmes. A narratologia é um campo fecundo da linguagem audiovisual, já que desde sua origem o cinema foi designado a ser uma arte capaz de contar histórias. No entanto, essa tendência acaba adquirindo diferentes configurações que vão desde o contexto de produção às diversas formas de articulação da linguagem cinematográfica. Nos filmes que estudamos, a criança-protagonista é o agente motor da narrativa, enxergado como uma estratégia do gênero para trazer um tratamento narrativo e estético muitas vezes mais leve, mas também como forma e maior adesão do espectador. Realizamos as análises a partir das categorias propostas por Gérard Genette (1995), vendo a questão da perspectiva narrativa, do foco narrativo e do papel personagem nos filmes. Aliamos às questões narrativas aos elementos próprios da linguagem audiovisual através de autores como Gérard Betton (1987), João Batista de Brito (1995), Robert Stam (2003), René Gardies (2008) e Jacques Aumont (2011; 2012). Em se tratando de filmes do gênero de representação histórica, procuramos também enxergar as particularidades do subgênero que nomeados, e observar como os fatos históricos são tratados nos filmes que estudamos. Observamos que em Kamchatka, mesmo que a ditadura não esteja evidente em cenas de violência, ela está presente no cotidiano de uma família escondida, através de sua angústia e solidão, demonstrado através dos silêncios dos planos cinematográficos, dos rostos dos seus atores e dos jogos e metáforas em torno do protagonista Harry. Em Machuca, conhecemos uma representação de Santiago do Chile no ano de 1970 pelos olhos de Gonzalo, num processo de descoberta que o toca e o machuca, representado sobretudo pela forma em que o personagem se desenvolve no espaço narrativo. Finalmente, vimos em O Ano em que meus pais saíram de férias um dos piores anos do regime militar brasileiro pelos olhos de Mauro, que de certa forma se encontrava exilado naquela comunidade que lhe era estranha e nem sabia; o mais importante para ele era a Copa do Mundo. A solidão de Mauro e suas descobertas são evidenciadas tanto pelos elementos narrativos aqui abordados que em fusão com os elementos cinematográficos, nos conta uma história bonita, singela e que quebra estereótipos dentro dos filmes de mesmo gênero na nossa cinematografia. |
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Bibliografia | AUMONT, Jacques et. al. 2006.A análise do filme. Lisboa: Edições Texto e Grafia (Edição especial para as Saraivas do Brasil), 2011.
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