ISBN: 978-85-63552-15-0
Título | FESTIVAIS E RECEPÇÃO CINEMATOGRÁFICA: O CASO DO FESTIVAL DO RIO |
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Autor | Tetê Mattos (Maria Teresa Mattos de Moraes) |
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Resumo Expandido | No século XXI estamos assistimos a uma série de transformações nas sociedades que irão impactar de forma vertiginosa na arte cinematográfica e revolucionar o cotidiano das massas, em especial no que diz respeito ao consumo de filmes. Num contexto de globalização, de pós-modernidade, de desterritorialização, de efemeridade, de fragmentação, de fluxo intenso de informações, inaugura-se uma nova lógica nas práticas culturais em especial no que tange às implicações sociais, nos estilos de vida, nas sociabilidades e identidades.
Para Henry Jenkins vivemos um momento de transição onde a convergência midiática está remodelando a relação entre os consumidores e os produtores de mídia (JENKINS, 2009, P.46). Os novos consumidores passam a ser os condutores dos processos de convergência, na medida em que se tornam mais ativos, mais conectados socialmente e de certa forma mais públicos. Para buscar entender, de que forma estas transformações irão refletir no segmento dos festivais audiovisuais, optamos em estudar o caso do Festival do Rio, evento de grande repercussão criado em 1999, que mobiliza um imenso público para o consumo de filmes. Mirim Alencar nos anos 70, atribui dentre outros fatores, a importância de um festival de cinema: “(...) porque permite o contato entre as pessoas, das mais diferentes regiões ou países, que trocam idéias entre si, que travam ou ampliam seu conhecimento do que está se passando no mundo cinematográfico.” (ALENCAR, Miriam, 1978, p.55). Quase 40 anos depois desta afirmação, podemos investigar como o Festival do Rio, se reinventa e se readapta a pós-modernidade onde o consumo de filmes opera em uma nova lógica. Diante de um cinema que se anuncia “global”, e ao mesmo tempo fragmentado, pluri-identitário e multiculturalista, seriam os festivais de cinema como lugares de troca transculturais? Ou como operam na mediação entre as “obras” e os “espectadores”? Como estes festivais se relacionam com a cidade onde são realizados e com os novos consumidores? Esta comunicação buscará compreender como se dá o processo de aquisição, de fruição e ressignificação das obras audiovisuais exibidas no Festival do Rio no momento em que o consumo torna-se um processo coletivo e ativo. Observamos que há uma orquestração de discursos e ideologias do Festival na construção/manutenção de um imaginário de representação da cidade do Rio de Janeiro, que a nosso ver, estabelece pactuações com a cidade num jogo de poder que remete às representações onde a “Marca Rio” aparece também como uma mercadoria a ser consumida. O personagem-símbolo “Rio de Janeiro” retratado através do imaginário da natureza “bela e generosa”, compõe um campo de produção de subjetividades que informa e constrói uma mitologia que é compartilhada, no caso do Festival do Rio com os moradores da cidade como um todo. Para o Festival do Rio, evento de repercussão internacional, a espetacularização e a alta visibilidade construídas no ambiente midiático, são estratégias para que os discursos do festival e as ações alcancem êxito. A promessa da cidade ideal, cosmopolita, global, moderna, tecnológica pautada no clichê da “cidade maravilhosa” é visível em seu discurso, que reforça a narrativa da cidade como espetáculo. Nossa hipótese é de que toda a estratégia de promoção e de consumo dos filmes, se volta para uma utopia de cidade maravilhosa estetizada pela paisagem que apresenta um simulacro do real. Através da “marca Rio” o festival estabelece laços afetivos com o seu público comprometido emocionalmente com o desejo de uma cidade ideal, transformada aqui em mercadoria . Desta forma o festival produz uma série de sentidos de efeitos e afetos, que irão repercutir no ato da recepção pelos espectadores. |
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Bibliografia | ALENCAR, Miriam. O cinema em festivais e os caminhos do curta-metragem no Brasil. Rio de Janeiro: Artenova, 1978.
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