ISBN: 978-85-63552-15-0
Título | NOÇÕES DE CINEMA MODERNO EM ROGÉRIO SGANZERLA |
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Autor | ANNA KARINNE MARTINS BALLALAI |
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Resumo Expandido | Em 1964, o catarinense Rogério Sganzerla (1946-2004) inicia a sua carreira profissional como crítico cinematográfico. Segundo documento original manuscrito e datilografado, localizado no Arquivo Alex Viany, o então crítico e cineasta Rogério Sganzerla (1946-2004) “milita desde 1964 no Suplemento literário de O Estado de S. Paulo a favor de um “cinema moderno”, “cinema novo”, “nouvelle vague”. A autoria deste texto de cunho biográfico é atribuída a Jean-Claude Bernadet. Esta sucinta biografia do jovem crítico cineasta aponta claramente para uma das principais obsessões de pesquisa e investigação cinematográficas de Rogério Sganzerla que corresponde à teorização acerca do cinema moderno. A mesma pode ser observada ao longo de sua vida e culmina na publicação, em 2001, do livro “Por um cinema sem limite”, todo dedicado a esta questão. O dito Cinema Moderno, termo largamente utilizado no jargão da crítica internacional para designar um grupo de filmes em diversas cinematografias que promoviam certas rupturas em relação aos paradigmas do cinema realizado nos anos anteriores, estava no auge. A formação cinefílica de Sganzerla, assim como a formação crítica, foi alimentada por este novo paradigma de um cinema da liberdade, da passagem ao relativo, da câmera à altura do olho. A despeito de diversas polêmicas e dificuldades de definição que envolvem o termo “cinema moderno”, existe um dado concreto que é a larga presença deste termo na crítica especializada e no meio da realização cinematográfica. Neste elemento concreto que se materializa no discurso textual e verbal, pretendo destacar, no recorte da produção discursiva de Sganzerla, seja nos artigos publicados, inéditos ou nos depoimentos dados à imprensa, um sintoma de certas transformações que se processavam no âmbito do pensamento de Sganzerla acerca do cinema moderno. Um projeto de livro intitulado “A dialética do cinema moderno”, de autoria de Rogério Sganzerla, localizado no Arquivo Alex Viany, datado de 1966, evidencia certa equivalência entre os termos “atual cinema moderno” e “Cinema Novo” brasileiro. Isto denota que, para Sganzerla, o movimento do Cinema Novo brasileiro representava, na prática, a manifestação no contexto cinematográfico brasileiro de um fenômeno cultural mais amplo, que corresponde aos cinemas novos pelo mundo afora. Esta equivalência entre “cinema moderno” e Cinema Novo brasileiro, nos anos 1960, não é exclusiva do pensamento de Sganzerla. A publicação de um livro “Cinema Moderno, Cinema Novo” (1966), organizado por Flávio M. da Costa, com prefácio de P. E. Salles Gomes, e textos de Gustavo Dahl, Glauber Rocha e David Neves, entre outros, evidencia que esta identificação entre cinema moderno e Cinema Novo ideologicamente estava amplamente difundida. E quanto à filiação do jovem Sganzerla ao Cinema Novo brasileiro, pode-se sentir em certos artigos em que ele defende este movimento, e também, por parte de terceiros. Um crítico como Alex Viany, ao preparar um documento de difusão e propaganda internacional do movimento, intitulado “Quem é quem no cinema novo brasileiro”, inclui o nome de Sganzerla em várias versões, no decorrer de 1968 a 1970. A inclusão de Sganzerla como um jovem talento do Cinema Novo também se verifica no documento “Com a palavra os novíssimos” (1967), elaborado por Alex Viany a partir de depoimentos colhidos com cineastas que ainda não tinham realizado um longa-metragem. Entretanto, à medida que Sganzerla passa à realização de filmes, e torna-se também alvo de críticas, começa a mudar sua relação como a conceituação o cinema moderno. Isto fica ainda mais evidente quando Sganzerla rompe com o movimento do Cinema Novo, e passa a questionar e a se afastar de certos cânones do “cinema moderno” contemporâneo. Este percurso configura também a elaboração de um projeto pessoal de cinema que coloca em prática uma série de conceitos elaborados no plano teórico e em resposta a uma série de posturas que Sganzerla vinha criticando. |
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Bibliografia | AUMONT, Jacques. As teorias dos cineastas. Campinas: Papirus, 2004.
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