ISBN: 978-85-63552-15-0
Título | RIO DE IMAGENS:DA LITERATURA DE JOSUÉ DE CASTRO AO CINEMA BRASILEIRO |
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Autor | José Umbelino de Sousa Pinheiro Brasil |
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Resumo Expandido | Rio de Imagens: da literatura de Josué de Castro ao cinema brasileiro se propõe a analisar a posição do intelectual brasileiro, particularmente, da sua rejeição a imagem do cinema brasileiro até a transformação desse pensamento em objeto de assimilação e defesa da criação de um cinema endógeno; utilizando como paradigma as críticas de Josué de Castro. Descreve, também, transposição e a apropriação dos livros: “Homens e Caranguejos” e “Sete palmos de terra e um caixão” no documentário brasileiro.
Da mesma maneira como alguns intelectuais brasileiros se comportaram em relação ao cinema brasileiro, no início do século XX até os seus meados desse século, expressando uma posição antagônica a sua existência; o escritor, médico nutricionista e sociólogo Josué de Castro engrossou o coro dos descontentes que alardeavam em jornais e revistas que o filme brasileiro era expressivamente medíocre e pobre esteticamente. O pensamento e a posição política e estética do escritor Josué Castro perdurou até ele assistir a película “Barro Humano”, dirigida por Adhemar Gonzaga, e num artigo escrito no Diário Carioca em 02 de junho de 1929, Rio de Janeiro, o homem que fora indicado três vezes ao Prêmio Nobel, descreveu:“ Até pouco tempo o cinema brasileiro era uma destas coisas boas de acabar. Destas coisas que continuam existindo porque são teimosas e não querem compreender que a gente não acredita nelas. Eu era o primeiro a dizer: o cinema brasileiro é mentira e penso que eu tinha razão”. A afirmação do escritor Josué de Castro a respeito do cinema brasileiro era semelhante as dos intelectuais da sua época que admiravam o cinema americano e europeu, e relegava a sua própria imagem a marginalidade. Num determinado momento, Josué de Castro ao assistir o filme “Barro Humano” (Adhemar Gonzaga, 1929), refez a sua visão crítica, e afirmou: ”Mas agora tudo mudou. Sofreu uma destas mudanças radicais que obriga a gente a ser sincera na nossa admiração. Obriga a gente a ir de encontro a si mesmo e a se desdizer: a mentira é minha, cinema brasileiro é verdade". Esse texto de Josué de Castro embora vigoroso não colocou “a verdade” em definitivo na tela brasileira, a rejeição atravessou e atravessa o século XX, haja visto o artigo “Mauro e dois outros grandes”, escrito por Paulo Emílio Salles Gomes – publicado originalmente em Il cinema brasiliano, Gênova, Silva Editore, 1961, p.65-71 com o título Mauro due altri grandi e republicado in: Paulo Emílio um intelectual na linha de frente, São Paulo: Brasiliense, 1986 -, escreveu o mais expressivo defensor do cinema brasileiro: “ Conheço mal os filmes de (Humberto) Mauro pois vivi muitos anos afastado do cinema brasileiro, não só do ponto de vista geográfico, mas também intelectual. Quando posteriormente adquiri o gosto pela problemática social, econômica e estética do cinema do meu país, o acesso aos filmes de Mauro tinham se tornado difícil. Felizmente não se perderam; existem cópias negativas e positivas de quase todos, e sei que um dia terei ocasião vê-los e estuda-los. Josué de Castro, a exemplo de Paulo Emílio Salles Gomes, se envolveu e dedicou-se a possibilidade da formulação teórica e da realização prática do filme brasileiro; a ponto de cruzar caminhos dos mais diversos com o intuito de transpor a sua mais consagrada obra literária “Geografia da Fome” para o cinema, proposta e alvo dos interesses de cineastas consagrados como Charles Chaplin, Roberto Rossellini, Cesare Zavattini e Luis Buñuel. Porém, a sua obra chegou ao cinema, primeiro na ótica de Rodolfo Nanni, filmando “O Drama da Seca” (1958) e “O Retorno” (2008); por meio da adequação do romance “Homens do Caranguejo”, transposto no documentário homônimo dirigido por Ipojuca Pontes com roteiro de Vladimir Carvalho (1966); e, finalmente, com a aproximação textual do livro “Sete palmos de terra e um caixão” no antológico “Cabra marcado para morrer” de Eduardo Coutinho (1984). |
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Bibliografia | BERNARDET, Jean-Claude. Cineastas e imagens do povo. São Paulo: Companhia das Letras, 2003;
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