ISBN: 978-85-63552-15-0
Título | A censura na Boca do Lixo: Das pornochanchadas ao sexo explícito |
|
Autor | Lívia Maria Pinto da Rocha Amaral Cruz |
|
Resumo Expandido | Este trabalho tem como proposta o estudo das relações entre o cinema feito na indústria cinematográfica chamada de Boca do Lixo, no final da década de 70 e início da década de 80, e o cenário político e social que o Brasil estava vivendo.
O período foi marcado pelo início do processo de redemocratização do país, contando com a caducação do Ato Institucional de número 5 (AI-5). Este ato, como se sabe, foi o símbolo e o motor de um endurecimento da censura, instituída com o início do governo militar em 1964, acarretando numa diminuição significativa da produção cultural brasileira no período em que vigorou. O fim do AI-5 pode ser, portanto visto como um indício de um “abrandamento” desde órgão, fiscal de toda a produção cultural brasileira. A consequência deste abrandamento foi o início da exibição de filmes estrangeiros antes proibidos pela censura, como “Laranja Mecânica” (Stanley Kubrick, 1972), que estreia nas salas de cinema nacionais em 1978, após quase sete anos de proibição (AVELLAR, 1979: 63). Dentre os filmes que foram liberados para exibição nas salas de cinema brasileiras estariam filmes que continham cenas de sexo explícito. Nuno César Abreu (1996, p. 82) afirma que os filmes que precederam essa entrada foram o italiano “Calígula” (Tinto Brass, 1979) e a produção franco-japonesa “O império dos sentidos” (Nagisa Oshima, 1976). Estes filmes conseguiram chegar “às telas amparados por mandatos judiciais, justificando-se por suas qualidades artísticas” (ABREU, 1996: p. 83). A este afrouxamento da censura, podemos juntar mais dois motivos que levaram à crise na Boca do Lixo. José Mário Ortiz Ramos (1987) aponta a crise econômica como responsável pela intensa retração do mercado cinematográfico brasileiro, passando este a sofrer uma intensa retração entre 1979-1985 (RAMOS, 1987: p. 448), e Abreu indica a própria crise interna do gênero, onde ou a Boca “caminharia com risco para produtos eróticos mais bem acabados ou para a fácil exposição do sexo com mais objetividade” (ABREU, 1996: p. 81). Acabou ocorrendo a segunda alternativa. Como consequência os filmes eróticos da Boca vão ficando cada vez mais ousados na tentativa da manutenção de seu público, porém ainda nos padrões do implícito (RAMOS, 1996: p. 82). E é nesse momento que “Coisas Eróticas”(1981) é lançado nos cinemas. Fazendo um incrível sucesso, o filme, logo em seguida tem suas cópias recolhidas. Após um mandato judicial “Coisas Eróticas” consegue voltar aos cinemas. Inimá Simões “apelida” essa estrutura, de conseguir a liberação dos filmes por meio de liminares, de “a indústria das liminares”; a qual seria uma “bem armada operação envolvendo produtores, advogados e até juízes dispostos a conceder os tais mandatos”. (SIMÕES, 1999: p:235.) Com o sucesso de “Coisas Eróticas” - que até hoje representa uma das maiores bilheterias do cinema nacional, com mais de quatro milhões de espectadores-, mais de 500 títulos vieram nos anos seguintes. Com custos ainda mais baixos que dos filmes da pornochanchadao cinema de sexo explícito ocupará uma fatia significante do mercado nacional. (ABREU, 1996: p: 8.) |
|
Bibliografia | ABREU, Nuno Cesar. Boca do lixo: cinema e classes populares.
|