ISBN: 978-85-63552-15-0
Título | De pathos e afetos: a música e a performance dos corpos dançantes no cinema brasileiro contemporâneo |
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Autor | Alessandra Soares Brandão |
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Resumo Expandido | A relação entre música e dança, no cinema, produz imagens que vão desde números musicais encenados sob uma lógica teatral da performance - incorporadas desde o primeiro cinema e ainda produtivas no presente - até construções que desafiam modos tradicionais de composição da narrativa audiovisual, assumindo autorreflexividade já desde mesmo os musicais hollywoodianos. Nestes, a quebra narrativa se justifica pelo espetáculo do número musical, pela força do gênero cinematográfico, e pela produção do star system. No Brasil e na América Latina, a era clássica dos estúdios fez circular ritmos e danças em filmes de chanchada, cabareteras, rumberas, entre outros, presenças sempre justificadas dentro da lógica narrativa, em uma dinâmica panamericana de colaboração e troca cultural. Ainda nesse contexto, o gênero melodrama promove uma relação com o número musical que, em geral, encerra a trajetória de um ou mais personagens, engendrando, em sua carga de excesso, uma articulação de identificação com o público que culmina em pathos. Podemos dizer que a música no cinema brasileiro recente ainda enseja tal possibilidade de leitura. No entanto, propomos pensar o modo como o uso da música no cinema recente, colado ao aspecto performativo dos personagens em momentos de dança, pode ultrapassar essa chave melodramática e convocar nossos sentidos para além da narrativa, em um atividade que produz sensações não necessariamente articuladas ou sujeitadas à trajetória dramática dos personagens apenas. Assim, se, por um lado, alguns instantes de dança podem ser lidos a partir de uma chave melodramática, como pathos, buscamos problematizar as performances desses corpos em uma dinâmica também de deslocamento na narrativa, e mesmo desterritorialização. Pensamos, pois, junto com autores com Elena del Rio, Gilles Deleuze, Félix Guattari, Brian Massumi, Steven Shaviro, entre outros, os modos como as imagens que articulam música e corpos dançantes ensejam desejos e afetos que parecem apontar para além da narrativa, produzindo sensações que se propagam em outros tempos e espaços de memória.
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Bibliografia | ARAÚJO, Paulo César. Eu não sou cachorro, não. Rio de Janeiro: Record, 2002.
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