ISBN: 978-85-63552-15-0
Título | O teatro nos filmes de Jacques Rivette e Eduardo Coutinho |
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Autor | Milton do Prado Franco Neto |
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Resumo Expandido | Autores de obras aparentemente díspares, Jacques Rivette e Eduardo Coutinho possuem, no entanto, um ponto de convergência inequívoco: a presença do teatro nos seus filmes. Rivette, um dos nomes fundamentais do movimento cinematográfico conhecido como Nouvelle Vague, permanece como um dos cineastas menos populares e estudados deste grupo. Coutinho, um dos grandes cineastas brasileiros, é identificado principalmente como documentarista e teve sua obra reavaliada e revalorizada de maneira significativa nos últimos anos.
A presença do teatro em seus filmes se dá algumas vezes de forma direta, tematizada, citada literariamente (por exemplo, em L'amour fou e Bande des quatre, de Rivette; ou Jogo de Cena e Moscou, de Coutinho). Em outras vezes, no entanto, o teatro aparece de uma forma menos evidente, mas não menos potente. No caso do diretor francês, organizando um pensamento de encenação que vai contaminar toda a organização espacial e a sua relação com os corpos dos atores. Já no documentarista brasileiro, a oralidade para fazer emergir uma nova encenação possível dos fatos ocorridos com os personagens. É justamente a comparação entre filmes desse segundo grupo, onde a presença do teatro é menos visível, que é a proposta desse trabalho. Através do estudo comparativo que irá se concentrar sobre os filmes A Bela Intrigante e Santo Forte, o trabalho irá clarear as manifestações do teatro em cada um dos autores, seus pontos de contato e suas divergências, para tentar iluminar o potencial expressivo em cada um deles. O estudo comparativo feito por Évelyne Jardonnet em Poétique de la singularité au cinéma: une lecture croisée de Jacques Rivette et Maurice Pialat serve de modelo metodológico inicial. Isso se dá não somente pelo fato deste livro trazer Rivette entre os cineastas comparados, mas muito mais por buscar através da comparação de alguns traços entre as obras esclarecer o que seria a singularidade de cada uma delas. Essa apresentação, por um lado, dá continuidade à pesquisa feita para a dissertação de mestrado intitulada La mise en scène du corps dans La Belle noiseuse (1991), de Jacques Rivette, realizada para o mestrado em Estudos Cinematográficos (M.A. in Film Studies) da Universidade Concordia (Concordia University, Montreal, Canadá). Por outro, serve também como ponto de partida para um futuro projeto de pesquisa que pretende se deter, de forma mais extensa, sobre a presença do teatro na obra dos dois cineastas. De um lado, A Bela Intrigante, um filme que pensa a questão da encenação do corpo através do cruzamento entre cinema, teatro, pintura e literatura. De outro, um documentário de encenação mínima que representa, na obra de Eduardo Coutinho, um ponto de virada claro, onde a verbalização e o poder de fabular dos entrevistados acaba sendo sua força motriz. Questões levantadas claramente pelo primeiro filme (como filmar um corpo?) podem ser colocadas sem prejuízo para o segundo. Da mesma forma, a oralidade como capacidade de se reinventar, característica fundamental de Santo Forte, pode também ser identificável também na ficção rivetteana. Investigar o que emerge dessa leitura cruzada é o objetivo maior dessa apresentação. |
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Bibliografia | AUMONT, Jacques. Le cinéma et la mise en scène. Paris: Armand-Colin, 2006.
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