ISBN: 978-85-63552-15-0
Título | A Suburbia de Luiz Fernando Carvalho: Direção de Arte e mise-en-scène |
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Autor | Milena Leite Paiva |
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Resumo Expandido | Este trabalho apresenta uma análise teórica e empírica da visualidade construída na minissérie Suburbia (2012), dirigida por Luiz Fernando Carvalho e escrita pelo diretor em parceria com o escritor Paulo Lins, para propor uma discussão acerca da potencialidade dos processos da Direção de Arte na criação de significação e de sentido em narrativas ficcionais fílmicas e televisivas, e como artificio essencial na construção da mise-en-scène, considerando os estudos de Jacques Aumont sobre a encenação cinematográfica como uma das principais referências bibliográficas.
No âmbito das produções audiovisuais, a Direção de Arte, em diálogo com a Direção de Fotografia, é a função responsável pela criação do projeto estético que concebe a visualidade de uma obra cinematográfica ou televisiva. Responsável por “traduzir” o roteiro em materialidade cênica, a Direção de Arte define a linguagem visual da obra: a atmosfera, o clima, a textura e a cor das imagens; articulando um conceito visual adequado à proposta da encenação indicada pela direção, que se expressa, sobretudo, na plasticidade da imagem. O diretor de arte é o profissional que coordena toda a equipe do Departamento de Arte, e que, principalmente, estrutura o projeto de arte: uma sistematização dos conceitos e definições técnicas que vai orientar todo o processo de criação da visualidade de uma narrativa audiovisual; compreendendo desde a definição da paleta de cores até o planejamento técnico e conceitual da cenografia, do figurino, da caracterização/visagismo das personagens (maquiagem, cabelo e gestualidade), dos efeitos especiais e do design gráfico. Este estudo considera que o diferencial na direção de Luiz Fernando Carvalho está em um investimento criativo nos conceitos e práticas da Direção de Arte e no estreitamento da sua relação com a encenação, para conceber universos ficcionais inovadores na teledramaturgia brasileira. Carvalho é um diretor de destaque na produção audiovisual brasileira por construir narrativas televisivas que desconstroem os padrões convencionais e se caracterizam por uma intensa experimentação estética, sobretudo nos seus projetos de arte. Entre seus trabalhos podemos destacar: no cinema, o longa-metragem Lavoura Arcaica (1999); e na televisão, as minisséries Os Maias (2001), Hoje é Dia de Maria (2005), a Pedra do Reino (2007), Capitu (2008), Afinal, o que querem as mulheres? (2010) e a novela Meu pedacinho de chão (2014), produzidas pela Rede Globo de Televisão. A minissérie Suburbia, objeto de análise deste trabalho, foi exibida em oito capítulos pela Rede Globo, entre novembro e dezembro de 2012, e apresenta a história de Conceição, uma menina pobre e negra do interior de Minas Gerais que, fugindo do trabalho escravo, desembarca no Rio de Janeiro em busca de melhores condições de vida. Com um elenco majoritariamente negro, a minissérie traz uma narrativa focada no universo social da população afro-brasileira: a vida nos subúrbios, as condições precárias de trabalho, a violência, a religiosidade e as manifestações culturais. Em Suburbia, Luiz Fernando Carvalho concebe uma narrativa com uma estética predominantemente cinematográfica, com fortes traços do cinema moderno, optando pela opacidade no discurso audiovisual e no uso dos meios técnicos de produção, com recorrente aposta na câmera na mão e em jump cut’s. A análise da minissérie é realizada a partir de uma investigação empírica sobre o processo de trabalho da equipe de arte, considerando a materialidade cênica construída na obra e os resultados alcançados nas suas imagens finais. A partir do entendimento dos conceitos que nortearam a estruturação do projeto de arte de Suburbia, este trabalho define o “lugar” da Arte na construção do estilo de Luiz Fernando Carvalho, articulando teoricamente Direção de Arte e mise-en-scène. Palavras-chave: Direção de Arte; Mise-en-scène; Minissérie; Luiz Fernando Carvalho. |
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Bibliografia | ARNHEIM, Rodolf. Arte & percepção visual. Uma Psicologia da Visão Criadora. Tradução de Ivonne Terezinha de Faria. São Paulo: Cengage Learning, 2008.
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