ISBN: 978-85-63552-15-0
Título | Latitudes: a Web como ponto de partida de uma aventura audiovisual |
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Autor | DANIELA ZANETTI |
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Resumo Expandido | O presente trabalho identifica modelos narrativos e analisa as especificidades de projetos brasileiros de obras audiovisuais que integram mais de uma plataforma de exibição – Internet, cinema e televisão –, tomando como base o estudo da série brasileira Latitudes (2013), exibida inicialmente como uma websérie de oito episódios, acompanhada de uma série de TV e um filme lançado no início de 2014. A investigação da obra se concentra nas estratégias narrativas e de exibição do conteúdo audiovisual vinculado à série, em especial a narrativa seriada desenvolvida especificamente para a Internet. Ainda que a série Latitudes tenha sido criada e produzida seguindo um modelo de produção cinematográfico, sendo posteriormente fragmentada e transformada em websérie, desenvolve-se uma reflexão sobre como se aplica na obra o princípio da serialização (CALABRESE, 1988; MACHADO, 2005), tomando como pressuposto ainda de que há um investimento mais acentuado na fragmentação da narrativa, uma vez que a obra adquire um status de "conteúdo" acessível, disponível ao espectador que a atualiza. Diferentemente do conteúdo amador e/ou caseiro que popularizou o YouTube (GREEN; BURGUESS, 2009), as chamadas webséries em geral são desenvolvidas por realizadores já com experiência no campo audiovisual, quase sempre vinculados a produtores independentes ou grandes empresas de mídia e entretenimento. Como produto, as webséries ocupam um lugar específico no campo de produção audiovisual, possuindo instâncias próprias de reconhecimento e consagração, principalmente nos Estados Unidos, onde ocorrem festivais dedicados a esse tipo de produto, como Los Angeles Web Series Festival e HollyWeb Web Series Festival. No Brasil, ainda que este mercado não esteja consolidado, já existem editais públicos de realização audiovisual específicos para webséries, e é possível encontrar em plataformas como o YouTube diversos exemplos de micro séries – em geral direcionadas para o público adolescente/jovem – feitas exclusivamente para a Web. Estabelecendo um diálogo entre autores que investigam a interface entre o campo audiovisual e a cibercultura (LA FERLA, 2009; SCOLARI, 2008; JENKINS, 2008; CANNITO, 2010; MACHADO, 2011), o presente artigo visa a reflexão sobre qual o lugar e a função das webséries (e seus websódios) no campo audiovisual, buscando mapear suas características formais e o modo como se vinculam à televisão e ao cinema. Parte-se do pressuposto de que as webséries, enquanto produto audiovisual desenvolvido para plataformas on line e interativas, redimensionam os princípios da serialização nos quais se baseiam as ficções seriadas televisivas, e amplificam as possibilidades de fragmentação das narrativas ao propor a expansão da experiência da obra para a Internet. A especificidade do tipo de conteúdo audiovisual em foco é decorrente, dentre outros fatores, da utilização dos recursos disponíveis nas plataformas on line de exibição de vídeos, que afeta dois aspectos do consumo de obras audiovisuais: i) a dimensão da fruição: a possibilidade de assistir os episódios no momento e na seqüência que se desejar, e de ter que dedicar um tempo menor para essa atividade, uma vez que os episódios são bem mais curtos que os das séries televisivas, resultando num consumo mais rápido e "descomprometido"; e ii) a dimensão da produção e do "gerenciamento" desses produtos: há uma maior liberdade de criação por parte dos realizadores, sem limitações de tempo ou de grades de programação, e possibilidades de experimentação técnica, estética, etc., além da possibilidade de retorno quase imediato do público, que pode se manifestar por meio de comentários, "curtidas", compartilhamentos, entre outras ferramentas de interatividade. O estudo também mapeia outros projetos audiovisuais brasileiros que se valem das webséries como recurso narrativo e, com isso, busca compreender o lugar desse formato no campo do audiovisual brasileiro contemporâneo. |
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Bibliografia | CALABRESE, Omar. A idade neobarroca. Lisboa, Portugal: Edições 70, 1988.
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