ISBN: 978-85-63552-15-0
Título | Hollywood à brasileira: reflexões sobre o polo de cinema de Paulínia |
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Autor | André Ricardo Araujo Virgens |
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Resumo Expandido | O mercado cinematográfico, conforme conhecemos hoje, começou a se consolidar ainda em meados do século XX. Inicialmente hegemonizado por produções europeias, especialmente francesas, italianas e alemãs, a I Guerra Mundial acabou ocasionando, também, uma mudança desse cenário e fez que os EUA despontassem como principal produtor e exportador de filmes no mundo (MATTA, 2008).
O paradigma Hollywoodiano acabou servindo como ideal a ser atingido por diferentes contextos, e foi algo propagado (e estimulado), historicamente, por diferentes mercados, inclusive o brasileiro. Nesse sentido, compreender como se configurou o modelo Hollywoodiano e seu modo de produção (e reprodução) aparece como algo fundamental para entender como se configura a cadeia cinematográfica no mundo. Hollywood também surge como um marco fundamental para o raciocínio que realizamos aqui, pois foi a primeira iniciativa que associou a noção de produção cinematográfica com a partir de um “polo”. Ou seja, dotar uma determinada região de infraestrutura técnica e de mão de obra especializada para o desenvolvimento de uma determinada atividade econômica. Esse “sonho industrial” aparece desde os anos 20, quando se proliferaram pelo país revistas especializadas em cinema, ou melhor, em divulgar as produções e os artistas da recém-instaurada indústria americana. E as primeiras tentativas de produção em estúdio não tardaram em aparecer, já nos anos 30, tendo como principal expoente a Cinédia; nos anos 40 e 50, com a carioca Atlântida e a paulista Vera Cruz; no final dos anos 60 com a formação da Embrafilme; e mais recentemente, com a experiência das leis de incentivo fiscal e do imbricamento entre televisão e cinema com o surgimento, por exemplo, da Globo Filmes. Mas também percebemos, nas últimas décadas, a existência de experiências que tentam criar/ consolidar novos polos de produção no país. Essa tentativa se localiza dentro de uma estratégia busca aliar o desenvolvimento do campo cultural com estratégias de desenvolvimento econômico regional. E uma das principais experiências dessa natureza desenvolvidas no país se localiza no município de Paulínia, interior de São Paulo, com a implementação de um polo cinematográfico. A história da cidade é relativamente recente. Localizada na região metropolitana de Campinas, e sendo emancipada há cerca de 50 anos, ela teve um boom de desenvolvimento com a implementação da Refinaria de Paulínia - REPLAN, ainda nos anos 50. E hoje, a cidade de aproximadamente 85 mil habitantes possui uma das maiores arrecadações per capita municipais do Brasil. Conforme aponta MORAES (2012, p. 40), compõem a estrutura do Polo de Paulínia: a Escola Magia do Cinema, voltado para formação de mão-de-obra ao total; o Festival de Cinema de Paulínia; além de uma infra-estrutura de cinco estúdios de filmagem e de uma film comission para captação de produções, gerenciamento dessa estrutura e intermediação entre produtoras e poder público local. E estima-se que entre os anos de 2006 e 2009, foram investidos na implementação do polo cerca de R$ 550 milhões em editais, ações de infraestrutura, formação de profissionais e marketing, verba proveniente da iniciativa pública e privada (PACHECO, 2011). Em principio, esse era um empreendimento tido como um modelo promissor. Entretanto, nos últimos meses, a sua continuidade tem sido alvo de diversos questionamentos, especialmente após o cancelamento do seu festival anual no ano de 2012. Assim, tendo em vista o montante investido, o processo de mobilização da classe cinematográfica e as expectativas criadas em torno deste polo, certamente, são necessárias analises mais aprofundadas sobre o impacto da produção cinematográfica local, seja do ponto de vista das modificações na dinâmica da cidade, seja na própria cadeia da produção nacional, algo dificultado pela ausência de relatórios e sistematizações dessa natureza que tenham sido disponibilizados de forma pública até o momento. |
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Bibliografia | AUTRAN, Arthur. O Pensamento Industrial Cinematográfico Brasileiro. Campinas: Unicamp, 2004.
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