ISBN: 978-85-63552-17-4
Título | Novas tecnologias e novas visibilidades na (pós)metrópole |
|
Autor | Maria Helena Braga e Vaz da Costa |
|
Resumo Expandido | Se a metrópole foi, para a modernidade, o espaço por excelência da experiência dos modos de subjetivação e apropriação sociais e coletivos, o cinema, como arte e/ou meio de comunicação, se destacou e se firmou como o principal aparato de construção de imagens que apresentavam e representavam para o mundo a experiência da vida moderna. Na contemporaneidade, tal moldura imagética deve ser examinada sob um olhar mediado e preocupado com os textos e subtextos narrativos construídos a partir do desenvolvimento das novas tecnologias de informação e construção de efeitos visuais no cinema já que estas compõem de maneira diversa a representação do espaço urbano (pós)moderno.
O cinema narrativo, aquele que tem como principal objetivo produzir sentido pelo texto e/ou subtextos que constroem os discursos fílmicos, tem o seu formato e estética alterados ao longo do tempo não apenas no que diz respeito às temáticas que encantam e seduzem os produtores, diretores e artistas envolvidos com o cinema, mas também em conjunção com a prática de uma política de criação e busca eterna por inovações no plano tecnológico que acabam condicionando a percepção. Vários autores já discutiram sobre a diminuição das distâncias e tempos, proporcionada pelas tecnologias de transporte e informação. Nesse plano as diferenças tornam-se mais próxima, definem e redefinem novos cenários a todo instante. Para o sujeito cosmopolita especialmente ela é quase tão importante quanto a metrópole, pois ela representa grande parte do repertório que o distingue daquele que não habita a metrópole (Prysthon, e Cunha, 2008). Cidades como efeito de sentidos: imaginadas, representadas, resignificadas, percebidas, esquecidas, saqueadas, erguidas, estruturadas, veiculadas pelas mídias. A urbanidade do século XXI tem sido muito marcada pela relação com a tecnologia. Por isso mesmo, ao longo do tempo, a técnica passou a ser um dos instrumentos essenciais para o ser humano olhar e conceber modernamente o mundo ao seu redor. Como o espaço onde atuam as relações urbanas é a cidade, os aparatos tecnológicos e as máquinas que fazem parte do seu aparato estabelecem uma espécie de “percepção temporal” para os sujeitos. É inegável que há certa continuidade fílmica da metrópole para a pós-metrópole. Mas o mais relevante é como à metrópole contemporânea foram sendo acrescentados elementos e efeitos visuais emergentes do desenvolvimento tecnológico que são os responsáveis por sua transformação e para a emergência de uma ideia de descentralização do espaço urbano. Como destacam Prysthon e Cunha (2008), “As representações da cidade, e mais especificamente as que são mediadas pela tecnologia, têm rapidamente se convertido no fulcro da vida urbana” (p.13). A imagem da metrópole, contida no mundo do visível, socialmente aceito, economicamente favorável e no mundo do invisível, socialmente marginalizado, economicamente destroçado, é o cenário onde as novas tecnologias são utilizadas para, espetacularmente, configurar esteticamente as vivências urbanas contemporâneas. Parece óbvio que isso não seria possível sem a utilização da tecnologia computacional, isto é, do computador. Podemos assim nos referir ao termo criado por Gene Youngblood, “cinema expandido”, ao qual Lyra (2008) se refere. O termo foi criado e usado nos anos 60 e 70 como referência ao designer de universos de experiências que se davam no âmbito do vídeo e da informática, e também àquelas experiências híbridas no âmbito do teatro, da pintura e da música. O computador começa a ser utilizado como meio expressivo. Tais imagens resultantes dessas experiências estéticas, associam-se à captação e à vivência do ‘instante’ relativo ao processo de construção e expansão dos centros urbanos que caracterizou a vida moderna. É certamente assim, que o sujeito e os grupos realizam-se em um ambiente social artificialmente produzido por eles mesmos, a pós-metrópole, e onde são dominados pelo aspecto tecnológico da existência. |
|
Bibliografia | LYRA, Bernadette. “Entre Clarões e Trevas: A Cidade Noir no Paracinema” (35-49). In Prysthon, Angela e Cunha, Paulo. Ecos Urbanos: A Cidade e suas Articulações Midiáticas. Porto Alegre: Editora Sulina, 2008.
|