ISBN: 978-85-63552-17-4
Título | Coproduções Cinematográficas: Análise do mercado e internacionalização |
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Autor | Belisa Brião Figueiró |
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Resumo Expandido | A internacionalização do cinema brasileiro não é uma realidade recente, embora nos últimos anos tenha havido um crescimento extraordinário, amplamente divulgado pelos meios de comunicação, nos quais aparecem novos filmes brasileiros realizados com parceiros internacionais e a presença constante de obras cinematográficas que concorrem em grandes festivais.
A mirada estrangeira para a produção nacional começou com o Cinema Novo, quando aos filmes brasileiros foi conferido, pela primeira vez, um lugar duradouro na história do cinema mundial (RAMOS; MIRANDA, 1997). Desde então, entre crises e momentos de euforia, as produções locais, cada vez mais, aparecem na vitrine e muitos filmes ganham espaço nos mercados internacionais. A produção dos filmes que chegam às salas de cinema está inserida em um mercado cultural globalizado, cujas nacionalidades e identidades se misturam inclusive entre as pessoas que atuam no set de filmagem. A percepção sobre a importância de coproduzir filmes com diferentes países também abarca a preocupação em abrir novos mercados para os filmes que circulam nos festivais internacionais, de forma a garantir a sua distribuição internacional (SILVA, 2014). O diretor Karim Aïnouz, brasileiro radicado em Berlim, é um dos cineastas que está construindo a sua filmografia baseada no modelo da coprodução. “Madame Satã” (2002) e “O Céu de Suely” (2006), seus filmes de maior êxito, são coproduções com países europeus e que só se tornaram rentáveis por meio da circulação internacional. O lançamento no Brasil foi apenas uma vitrine para a exportação (SOUZA, 2012). No Brasil, historicamente, as poucas políticas de liberalismo cultural não tiveram êxito e afundaram em crises profundas, provocando quase que o desaparecimento das atividades. Para garantir a produção, distribuição e exibição cinematográficas dentro do seu próprio mercado, a atividade foi dependente de políticas públicas (GATTI, 2007). Até os anos 1980, o setor chegou a produzir 80 filmes anuais por meio da Embrafilme. Depois disso, com a total desintegração da estatal, houve uma queda drástica, com apenas três em 1992 e quatro em 1993. A reestruturação só seria possível por meio de um novo modelo para a economia cinematográfica. Nas telas nacionais, o cinema brasileiro renasceu a partir de “Carlota Joaquina – A Princesa do Brasil” (Carla Camurati, 1995) e, internacionalmente, ganhou espaço com “Central do Brasil” (Walter Salles Jr., 1998) por meio da indicação ao Oscar na categoria de Melhor Filme Estrangeiro. Os investimentos, por meio dos incentivos fiscais, trouxeram um novo fôlego para o setor da produção interna e injetaram confiança e perspectivas de retomar os acordos e atividades de coproduções internacionais e abrir novos mercados para o cinema brasileiro. Em 1997, depois da criação do Programa Ibermedia, as coproduções e cooperações recomeçaram não só com os países vizinhos, mas com os antigos parceiros comerciais europeus. Aliado a isso, foi criado o Programa Cinema do Brasil, que até hoje impulsiona a participação dos produtores brasileiros em festivais internacionais. O estudo Focus 2014 World Market Trends, desenvolvido pelo Observatório Audiovisual Europeu, que foi apresentado no Festival de Cannes de 2014, inclusive destacou a importância do Brasil no cenário internacional e salientou que, ao lado do México, o país entrou no ranking dos dez mercados de cinema mais importantes do mundo. Nesse cenário de abertura internacional para o cinema brasileiro, esta pesquisa pretende realizar um panorama histórico dos resultados obtidos pelas coproduções até a intensa movimentação do setor na atualidade. Analisar as decisões tomadas pelo governo brasileiro e também pelas produtoras nacionais para exportar os seus filmes com o objetivo de apresentar o desenvolvimento da internacionalização cinematográfica, com estudos de casos, e apontar aperfeiçoamentos nas políticas brasileiras para o setor. |
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Bibliografia | AZULAY, Jom Tob. Por uma cinematográfica brasileira para o século XXI. In: MELEIRO, Alessandra. Cinema no Mundo: Indústria, política e mercado. São Paulo: Escrituras, 2007. p. 65-97. (América Latina).
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