ISBN: 978-85-63552-17-4
Título | audiovisual ao vivo: montagem em tempo real |
|
Autor | Marcus Vinicius Fainer Bastos |
|
Resumo Expandido | Os desdobramentos mais recentes da linguagem audiovisual modificam de forma contundente um de seus procedimentos organizadores mais importantes. A montagem se transforma de maneira inédita, com o surgimento dos formatos ao vivo contemporâneos, como a performance audiovisual e o live cinema. Ao mesmo tempo, as linguagens audiovisuais espalham-se pelos palcos e pelas cidades, em diálogo com a música pop, o teatro e a dança, e sinergia com arquiteturas que recebem luzes e videos como jatos de maleabilidade temporária sobre a fixidez de suas estruturas.
Neste contexto, torna-se importante discutir os tipos que montagem possíveis nos formatos audiovisuais em tempo real, considerando que além das relações entre imagem e som, são linguagens em que corpo e espaço também compõe as obras. Este é um dos motivos porque a montagem de performances e obras de live cinema difere dos formatos para exibição em tela. Neles, as articulações com objetos, configurações cenas, estruturas e elementos arquitetônicos, mas também com os corpos dos performers em cena, rearticula a trama de relações entre as linguagens que compõe o audiovisual. Além disso, os softwares utilizados para processar imagens em movimento / sons ao vivo tem estruturas bastante diferentes dos dispositivos de montagem que os precederam. Da mesma forma que a substituição da moviola pelas ilhas de edição, o surgimento de equipamentos eletrônicos ou a adoção de plataformas digitais implicou em mudanças na forma como se montam filmes, vídeos e programas de TV, o uso de softwares que combinam recursos de composição e desenvolvimento de algoritmos, por meio de patches que diferem radicalmente dos timelines normalmente usadas para organizar sequências audiovisuais, resultam em pensamentos inéditos para as articulações entre imagens em movimento e som. A análise de obras produzidas por artistas atuantes neste circuito permite pensar a repseito dos tipos de montagem que estas linguagens sugerem. O tipo de montagem mais comum, e talvez o mais particular deste formatos, resulta do parentesco de softwares como Isadora e MAX/Jitter com as práticas de síntese sonora — o conceito de patch é herdeiro direto da forma como os sintetizadores analógicos eram programados, por meio da comutação de cabos para interligar módulos e explorar seus diferentes comportamentos e capacidades de síntese. Neste sentido, seria possível propor que este universo explora práticas como a montagem por procedimentos, regras ou algoritmos, a montagem por intercâmbio de sinais (onde o som controla a imagem, ou o movimento de um performer diantes de um sensor produz abstrações, por exemplo) e diferentes tipos de montagem espacial (a montagem corpo/tela ou a montagem vídeo/arquitetura, por exemplo). Entre os exemplos analisados estão Refractive composition for live video and audio in two parts, de Ana Carvalho, Tules Hologramático, de Bruna Calegari e Lorena Pazzanese, e O que o mundo contém?, do duo 2vic. O trabalho também serve como exemplo de um dos tipos de montagem espacial que será discutido (a montagem entre vídeo e arquitetura). |
|
Bibliografia | Bastos, Marcus. Limiares das Redes: escritos sobre arte e cultura contemporânea. São Paulo: Intermeios, 2014.
|