ISBN: 978-85-63552-17-4
Título | As Representações Históricas e a construção de personagens na ficção s |
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Autor | SAMANTA SOUZA FERNANDES |
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Resumo Expandido | Os produtos audiovisuais abordam desde o ano de 1898 em que o Acre pertencia à Bolívia, sua reintegração como território em novembro de 1903 com o Tratado de Petrópolis e o reconhecimento como estado brasileiro em 1904. As produções destacam a vida dos seringueiros, o desenvolvimento do estado que foi promovido pela borracha produzida e o desmatamento da Amazônia. Em contrapartida, também dá vida a três heróis que contribuíram com o país, entre eles o espanhol Galvéz, o militar Plácido de Castro e o ambientalista Chico Mendes. A minissérie busca destacar a luta dos seringueiros, os conflitos com os coronéis e donos do seringal, a preocupação com a floresta amazônica e o desmatamento crescente. Além disso, associa a contribuição social dos heróis da trama ao contexto. Já o documentário, narra à história do Acre e de seu povo pela ótica de um dos maiores escritores brasileiros do século XX. Em 1905, Euclydes da Cunha foi convidado pelo Barão do Rio Branco para chefiar uma Missão Oficial do Ministério das Relações Exteriores para Reconhecimento do Alto Purus, território que hoje constitui o estado do Acre. Em uma jornada de um ano, Euclydes travou contato intenso com a realidade amazônica que resultou em um conjunto de textos nos quais registrou as suas impressões. As produções cinematográficas aqui pesquisadas tratam-se de dois produtos midiáticos cheios de elementos históricos que destacam a epopeia de 100 anos do estado do Acre. Ambas mobilizam muito das tensões estéticas entre ficção e documentário na luta pela preservação da floresta amazônica. Os fatos históricos narrados na minissérie Amazônia: de Galvéz a Chico Mendes (Glória Perez, 2007) e o documentário Epopeia Euclydeacreana: A viagem de Euclides da Cunha ao Acre (Rodrigo Neves e Charlene Lima, 2005), o mesmo acontecimento histórico é retratado, respectivamente, pelas lentes da teledramaturgia e de certa vertente do documentarismo de entrevista contemporâneo. A luta pela emancipação do Acre, o reconhecimento como estado brasileiro, o ciclo da borracha retratando a saga dos imigrantes do norte e nordeste que foram ao Acre em busca de trabalho e melhores condições de vida e o crescente desmatamento da Amazônia são o cerne da disputa de memória entre os gêneros audiovisuais. Produzidos quase na mesma época, com diferença de dois anos, os produtos audiovisuais propõem visões dos eventos, para além das diferenças formais que ancoram-se em conjunturas relativamente distintas.Baseada nos romances O Seringal, de Miguel Ferrante e Terra Caída, de José Potyguara, a minissérie Amazônia de Galvez a Chico Mendes produzida e exibida no ano de 2007, pela TV Globo conta com três fases que narram a história do Acre, a última região a ser anexada ao território brasileiro, o ciclo da borracha e o desmatamento da floresta amazônica. Durante muitos anos, o estado, antes boliviano, atraiu nordestinos e estrangeiros que deixavam suas cidades em busca de uma vida melhor através da extração do látex. A busca incansável por novas áreas de extração prejudicou a natureza, cada vez mais explorada de forma predatória, e trouxe pobreza para a região. Ao todo foram 55 episódios e um orçamento de quase R$ 30 milhões – em torno de R$500 mil por episódio.Já o documentário que conta a história da Amazônia e do Acre por meio do consagrado escritor Euclides da Cunha que chegou ao Acre como chefe da Comissão Mista Brasileiro-Peruana de Reconhecimento do Alto Purus, que percorreu mais de 3.210 km entre os dias 05 de abril e 21 de agosto de 1905. A produção foi premiada pelo Ministério da Cultura e contou com a direção de Rodrigo Neves, narração do ator Carlos Vereza, trilha de Berna Ceppas e fotografia de Celso Kava. O documentário teve o apoio da Secretaria do Audiovisual, Ministério da Cultura e Governo Federal. Também fez parte do Programa de Fomento à Produção e Teledifusão do Documentário Brasileiro (DOCTV), TV Cultura e Associação Brasileira das Emissoras Públicas, Educativas e Culturais (ABEPEC). |
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Bibliografia | CUNHA, Euclides da. À Margem da História. São Paulo: Martins Fontes, 1999.
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