ISBN: 978-85-63552-17-4
Título | Mulheres em Crise: O casamento e o divórcio na FC dos anos 1950 |
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Autor | Gabriel Henrique de Paula Carneiro |
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Resumo Expandido | Não foi só do medo e da paranoia que viveu a sociedade norte-americana (e, por extensão, o universo capitalista do primeiro mundo) nos anos 1950. Com o aumento salarial e a diminuição na jornada de trabalho, bem como com a remuneração das férias, os trabalhadores da classe média e do operariado viram cada vez mais seu campo de consumo aumentar, e, claro, os comerciantes, percebendo a tendência, colocaram mais produtos no mercado e massificaram a publicidade. Para manter a tradição, o governo, a imprensa e a sociedade em geral propagaram o juízo de que havia um jeito ideal de se viver. Os homens deveriam trabalhar para sustentar sua esposa e ao menos um casal de filhos, e residir no subúrbio, local onde tinham maior tranquilidade e que não considerado tão corrupto quanto a cidade grande. Era também a sociedade do consumo, que, isolados em seu mundo perfeito, cada vez mais utilizava o dinheiro excedente para viajar, nas férias familiares, e para mobiliar suas casas com eletrodomésticos, como geladeiras e lavadoras de roupa, e com os eletroeletrônicos, caso da televisão, que começou a engatinhar no período do pós-Segunda Guerra Mundial, e em junho de 1953 já contabilizava 15 milhões de aparelhos nos EUA
Nos filmes de ficção científica dos anos 1950, as mulheres eram, em geral, fiéis companheiras ou interesses românticos dos heróis, apresentadas como personagens secundárias à trama, e, ainda que participassem ativamente das ações dos heróis, tornam-se espectadoras enquanto os homens protagonizam a salvação do mundo. As mulheres trabalhadoras retratadas de maneira positiva prezam o bem da humanidade – e por isso laboram -, encaixando-se no modus operandi da sociedade dos anos 1950, e, ainda que tenham uma profissão, são emotivas, interessadas romanticamente por algum homem. Se as mulheres em geral apareciam em funções coadjuvantes dentro da trama ou como mais uma parte da sociedade, filmes como Cat-Women of the Moon (1953), de Arthur Hilton, e Rebelião dos Planetas (1958), de Edward Bernds, dão às mulheres a liderança de uma civilização. Ambos os filmes mostram sociedades planetárias feitas exclusivamente por mulheres - no primeiro filme, mulheres lunares; no segundo, venusianas. Essas mulheres independentes são agressivas, amargas e falsas. Em Cat-Women of the Moon, elas demonstram capacidade impressionante de convencimento, influenciando mulheres fracas – é assim que guiaram a astronauta Helen Salinger (Marie Windsor) até o local, convertendo-a e dominando-a (exceto quando ela está nos braços de um homem). Em Rebelião dos Planetas, em que a caracterização negativa é enfatizada, a rainha Yllana (Laurie Mitchell), acima de tudo, é histérica, paranoica e ditadora. A moral dos filmes é de que tais mulheres só encontram salvação no homem. Deixarão de ser amarguradas quando se submeterem aos homens e à ideia do american way of life. O matrimônio e o futuro enquanto esposas obedientes é o caminho Se Cat-Woman of the Moon e Rebelião dos Planetas seguem a perspectiva de homens, filmes como A Mulher de 15 Metros (1958), de Nathan Juran (assinando como Nathan Hertz), e Casei-me com um Monstro (1958), de Gene Fowler Jr., adotam o ponto de vista de suas mulheres protagonistas. Não apenas: são filmes que contestam o papel da mulher enquanto esposa, mãe e dona de casa, dando uma nova perspectiva à função social da mulher e desconstruindo a lógica do american way of life. Tanto A Mulher de 15 Metros quanto Casei-me com um Monstro traz uma mulher descontente com seu marido. A ficção científica surge para materializar essa metáfora. Em A Mulher de 15 Metros, a mulher raivosa se vinga do marido canalha e interesseiro se transformando numa besta sedenta por consertar as coisas. Casei-me com um Monstro trabalha a desilusão do matrimônio, justificando a diferença do tratamento do marido após o casamento por ele ser um alienígena que tomou posse do corpo. |
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Bibliografia | CARNEIRO, Gabriel. Quem apertou o botão de pânico? - Como a ficção científica cinematográfica norte-americana, de 1950 a 1964, abusou da Guerra Fria e de seu contexto para ganhar dinheiro. 2010. 269 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Jornalismo) - Faculdade Cásper Líbero, São Paulo, 2010.
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