ISBN: 978-85-63552-17-4
Título | LUZ, CÂMERA, (EN)AÇÃO: do cinema interativo ao cinema enativo |
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Autor | Tiago Franklin Rodrigues Lucena |
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Resumo Expandido | Nos primeiros minutos de um Homem com uma câmera de 1929, o diretor russo Dziga Vertov abre a lente e nos convida a ver a imagem da cidade por meio de um registro cinemático. A câmera, nesse caso, funcionou como mediadora na experiência vivida pelo diretor no ambiente urbano. Experienciamos fisiologicamente a cidade de Vertov pela técnica cinematográfica documental que nos faz “estar presentes" e “perceber” o espaço sem ter estado lá. Como seu “cinema-olho” Vertov apresenta um documento da vida valendo-se de imagens técnicas e do aparato disponível nas primeiras décadas do cinema: câmeras em cima de automóveis, cortes, fusões entre imagens e outros recursos de edição que ainda são largamente empregados na narrativa cinematográfica contemporânea. Atualmente, sensores fisiológicos e outros dispositivos tecnológicos passam a configurar o campo da experimentação audiovisual em propostas que vão desde o cinema imersivo-interativo e multissensorial de Morton Heilig na década de 60 até o chamado Cinema Enativo de Pia Tikka nos anos 2010. As pesquisas mais recentes do campo audiovisual se beneficiam da abordagem enativa proposta principalmente por Maturana e Varela e atualizada por pesquisadores como Alva Noé com forte influência da fenomenologia de Merleau-Ponty. As criações informam sobre a relação de acoplamento estrutural entre corpo e ambiente e permitem modos de perceber o espaço de uma forma ainda não imaginada pelo diretor russo. A câmera “móvel” (em cima de um carro de Vertov) registrou a vida urbana de uma cidade em seus fluxos, hábitos e momentos. Pela sobreposição e fusão de imagens, o cineasta oferece uma visualização de aspectos da cidade incompreensíveis sem a manipulação em pós-produção. Processos de visualização de dados e técnicas da eletrônica e software hoje capturam sinais vitais do corpo para influenciar a história que se é transmitida para um “espectador” em tempo real. Apresentaremos aqui um breve panorama dessas experiências cinemátograficas interativas e imersivas para se pensar no cinema enativo e em experiências de pesquisas transdisciplinares lideradas pelo Laboratório de Pesquisa em Arte e Tecnociência na UnB sob a direção da Profa. Dra. Diana Domingues. Em nossos experimentos usamos de sensores fisiológicos (resistência galvânica, pressão plantar, eletrocardiograma e pulso, respiração) em situações cotidianas reais para registrar as respostas corporais a episódios visualizados depois por meio de técnicas que transformam sinais em imagens com colaboração direta com Recod lab: Reasoning for complex data da Unicamp dirigido pelo Prof. Dr. Ricardo Torres. A natureza documental dos experimentos foram também usados pelo grupo de pesquisa em registros e simulações em cavernas de realidade virtual para simulação de eventos automobilísticos na cidade e em outras propostas mais artísticas. |
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Bibliografia | COUCHOT, Edmond. La Nature de l'art: Ce que les sciences cognitives nous révèlent sur le plaisir esthétique. Editions Hermann, 2012.
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