ISBN: 978-85-63552-17-4
Título | Cinema de ruínas e desnazificação da Alemanha |
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Autor | ROBSON LOUREIRO |
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Resumo Expandido | O cinema de ruínas concretizou o ideal do programa de desnazificação da Alemanha, no pós 2ª Guerra? É possível compreender parte da história da Alemanha por meio da análise do cinema de ruínas? Por que razão, na devastada Alemanha do pós 2ª Guerra, as pessoas ainda mantinham interesse em frequentar uma sala de cinema? A maioria dos cineastas do período foi bastante ativa na produção de filmes. Muitos apoiaram nazismo. Como, portanto, poderiam abordar os horrores cometidos pelos próprios alemães? Na Alemanha, a maioria dos filmes produzidos e lançados, no final da 2ª Guerra Mundial (2ªGM), especialmente aqueles feitos por cineastas que se esforçaram para tratar de questões relacionadas com o Terceiro Reich, ficou conhecida como Trümmerfilme (filmes ruínas) ou mesmo Heimkhererfilme (retorno de soldados da guerra). Estes foram feitos e exibidos durante todo o período de denazificação (1946-1949). O debate sobre o cinema de ruínas é bastante comum na literatura de língua inglesa. O mesmo não acontece no contexto da língua portuguesa, em especial no Brasil. Esta pesquisa fundamenta-se em estudos disponíveis e analisa em que medida o cinema de ruínas pode ter contribuído para o sucesso ou fracasso do programa de desnazificação, cujo escopo foi tentar reeducar os alemães, no pós 2ªGM, a partir da concepção hegemônica de democracia veiculada pelos EUA. Teria o cinema de ruínas concretizado o ideal do programa de desnazificação da Alemanha, no pós 2ªGM? Também pretende explorar as considerações dos estudiosos sobre esta temática e saber se é possível compreender parte da história da Alemanha por meio da análise do cinema de ruínas. Um aspecto intrigante é entender por que razão, na devastada Alemanha do pós 2ªGM, as pessoas ainda tinha interesse em frequentar uma sala de cinema. A maioria dos cineastas do período foi ativa na produção de filmes e muitos teriam apoiado o regime nazista. Como, portanto, poderiam abordar os horrores cometidos pelos próprios alemães? A pesquisa propõe três hipóteses provisórias: 1) O programa de desnazificação não alcançou os resultados esperados mas, paradoxalmente, por isso mesmo foi bem sucedido; 2) O cinema de ruínas tende a reproduzir a mesma estética do mainstream, pois repete o protocolo da narrativa hollywodiana e, nesse sentido, mais do que ajudar o público a elaborar o passado, de forma a compreendê-lo e superá-lo, em especial lidar de forma crítica com a memória histórica, os filmes não só reforçam clichês a respeito do nazismo, como também dificultam a capacidade de exercer a autonomia no exercício de elaboração do passado. Também enfoca a crítica que Shandley (2001) disfere e acerta ao considerar que o cinema de ruínas, ao invés de realizar uma “elaboração do passado”, nada mais fez do que “passar o passado a limpo”. Crítica apropriada, pois como ele sugere, os esforços dos cineastas alemães do cinema de ruínas eram muitas vezes moral e ideologicamente problemáticos, haja vista que muitos deles teriam atuado no Estado nazifascista. Shandley não acerta ao considerar que os cineastas do Novo Cinema Alemão (NCA) se equivocaram nas críticas realizadas à geração anterior à Oberhausen (1962). Para ele, a nova geração perseguiu a verdade histórica e ignorou as realizações, ou até mesmo as tentativas da geração anterior ao NCA. Sua crítica é problemática porque não esclarece quais são os cineastas criticados pelos Oberhauseners. A hipótese três sustenta que a crítica dos Oberhauseners está relacionada especificamente com aquilo que eles intitularam de Papas Kino – cinema do papai. A partir da crítica de Shandley pode-se questionar: Afinal, os Oberhauseners classificaram o cinema de ruínas na mesma categoria do cinema do papai, ou eles se referiram basicamente aos Heimatfilm – cinema patriota – produzidos ao longo da década de 1950? |
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Bibliografia | FISHER, J. Who's Watching the Rubble-Kids? Youth, Pedagogy, and Politics in Early DEFA Films. In: New German Critique, Jan 01, 2001, No. 82, p. 91-124
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