ISBN: 978-85-63552-17-4
Título | Análise e recepção crítica de O cão sem dono, de Beto Brant |
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Autor | Luiz Antonio Mousinho |
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Resumo Expandido | Buscaremos debater aspectos do filme Cão sem dono, de Beto Brant, e de sua recepção pela crítica, dando atenção especial à crítica jornalística, procurando delinear seus contornos discursivos e as recorrências e diálogos que a constituem, observando ainda a relação entre críticas e aspectos narrativos. Além de mapear as características gerais, observaremos com prioridade no filme e em sua crítica o tratamento dado à questão do tempo narrativo, das relações entre ficção e sociedade e também entre texto fílmico e o texto-fonte, a novela literária de Daniel Galera.
Jacques Aumont e Michel Marie apontam na crítica a função de “informar, avaliar, promover” e percebem o crítico como “um pedagogo do prazer estético” (p.12). Com base em Aumont e Marie (2013), Martine Joly (2002) e José Luiz Braga (2006) entre outros autores, nos deteremos em textos sobre o filme abordado que manifestem “determinado aspecto da sua recepção e interpretação”, olhares construídos sobre o texto fílmico a serem percebidos como “traços interpretativos” (JOLY, 2012, p.12). Joly ressalta que o estudo das abordagens críticas pode “ajudar-nos a compreender determinados aspectos do condicionamento que vai determinar os nossos juízos futuros” ao lermos os textos que “acompanham as obras (...) audiovisuais, que as cotejam e alimentam, numa interação contínua, repetitiva até, entre a informação, a avaliação e a imaginação” (p.12-13). Nosso interesse é o de investigar o filme de Beto Brant rastreando seus mecanismos de produção de sentido enquanto “intenção das obras”, para falar ainda com Martine Joly, bem como observá-lo quando filtrado “pela leitura e pela interpretação, ou seja, pela intenção do leitor” (p.10), aqui mais notadamente da crítica jornalística. Em seu livro Cinefilia, Antoine de Baecque assinala que “o cinema exige que se fale dele. Para o autor assinala ainda que, “ir ao cinema, assistir aos filmes, isso não se compreende sem esse desejo de prolongar sua experiência pela fala, pela conversa, pela escrita. Cada uma dessas rememorações confere verdadeiro valor ao filme” (p.33). Rememorações que podem vir dos textos críticos e na maneira como os mesmos são comentados pelos leitores em sites e blogs ou mesmo como filme e textos são comentados por alunos em sala de aula. Em todos esses casos, vemos materiais com os quais pretendemos trabalhar, partindo da sugestão de Robert Stam, quando o autor assinala que a “história do cinema (...) é não apenas a história dos filmes e cineastas, mas também a história dos sucessivos sentidos que os públicos têm atribuído ao cinema” (STAM, 2003, p.257). Dentre as categorias a serem observadas em alguns de seus aspectos no texto fílmico estão tempo (BERGSON, GENETTE) e personagem (CANDIDO, SALES GOMES), em interface com a observação das relações entre ficção e sociedade (KHEL) e entre texto fílmico e literário (AZERÊDO, COURSEIL). Paralelamente e com mais centralidade e atenção, estaremos examinando o quanto a crítica observa tais categorias. Estudaremos ainda a inação que caracteriza Cão sem dono, bem como a estruturação paratática (por coordenação) do filme fundada numa unidade afim ao poético, de inserção do lírico no épico. Na interface entre ficção e sociedade, atentaremos a seu viés de olhar construído sobre certa juventude contemporânea e as questões de representação da melancolia, da depressão e do amor enquanto tema e forma, com especial atenção sobre como a crítica percebe tais questões. Em suma, veremos como a crítica percebeu algumas questões narrativas e contextuais e analisaremos como esses dados aparecem no texto fílmico; investigaremos os diálogos que constituem o tecido textual do filme, sua resposta crítica e como tal crítica situa o filme no contexto das representações ficcionais do audiovisual brasileiro visto em sua feição mais contemporânea, observado em diálogo com a série histórica, em suas recorrências temáticas e em suas opções formais. |
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Bibliografia | AUMONT, J.; MARIE, M. A análise do filme. Lisboa: Texto & Grafia, 2013.
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