ISBN: 978-85-63552-17-4
Título | FAKE FRANQUIA |
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Autor | Antonio Carlos Tunico Amancio da Silva |
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Resumo Expandido | A democratização dos meios de produção e de difusão digital vem colocando em cheque o sistema de hierarquias na apreciação de obras audiovisuais. Para além das perspectivas estético-políticas que têm dominado sua avaliação no campo acadêmico, abre-se um universo expressivo, fragmentado e não quantificável, se considerada a sua existência de largo alcance num ecossistema com dinâmica própria.
Isto torna mais complexas as tarefas de mapeamento, catalogação e análise daquilo que se produz hoje globalmente, com o risco de se perder de vista fenômenos que se dão à observação por curto e instável período de existência. Para problematizar uma experiência brasileira, canibalizadora de conceitos usados com propriedade e rigor no terreno do mercado cinematográfico e de bens culturais, recorremos ao exemplo de Ai que vida, um longa metragem piauiense, já estudado por mim em O mundo como vontade de representação ... no Piauí, comunicação apresentada na SOCINE de 2011. Vamos pensar agora sobre como a ideia de franquia atinge mercados alternativos com enorme eficiência, aliada ao tratamento transgressivo e popular do que seria uma sequel - também conhecida como follow-up - e de que modo está sendo apropriado por produtores independentes, principalmente no Norte e Nordeste brasileiro. Utilizando a logomarca do filme matriz de Cícero Filho, realizadores propõem uma associação sincrônica entre a obra original e suas "sequências", relação de fato inexistente, mas plausível pela ótica de um marketing esperto, embora oportunista e ingênuo. É nas feiras e mercados do interior do país - ou mesmo das capitais - que esbarramos com versões (!?) de Ai que vida, que trabalham com uma indução a uma sequencialidade com a marca-título do filme. No caso específico deste trabalho, por decisão metodológica, ignoramos à difusão através dos sites de compartilhamento e nos ativemos à produção feita para ser vendida no mercado informal das ruas - até porque se ela se inscreve num regime de economia mais tradicional, embora mais frágil. E por isto mesmo menos visível. Por outro lado, este mercado das feiras e das ruas, ainda no suporte dvd, já insinua um certo perfil dos virtuais consumidores do produto Encontramos exemplos desses "simulacros", pretendendo uma imitação, continuação ou desenvolvimento da matriz, embora sem nenhuma referencia dramática a ela, em sua diegese. Vamos então pensar as estratégias de disponibilização, as estruturas retóricas, as políticas de subjetivação identitárias e as associações genéricas que, a partir de Ai que vida 1, se revelam em Ai que vida 5, 8 e 10, produzidos no rio Grande do Norte, na Ilha de Marajó, no Pará e no Ceará, trazem à tona evidências da articulação inusitada dos fluxos de criação brasileiro. |
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Bibliografia | SANTANA, Gelson (org.) Cinema de bordas 3. São Paulo: Ed. a lápis, 2012
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