ISBN: 978-85-63552-17-4
Título | Redes de Formação em Dois Períodos do Cinema Paraibano |
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Autor | VIRGÍNIA DE OLIVEIRA SILVA |
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Resumo Expandido | Da produção cinematográfica paraibana iniciada nos anos 1920 por Walfredo Rodrigues (Sob o céu nordestino, 1928), ao criar a Nordeste Filmes, até os dias atuais, analisamos dois períodos, com redes de ações relacionadas à formação cinematográfica, envolvendo diversos sujeitos. O primeiro destes períodos, do final da década de 1970 à primeira metade da década de 1980, encontra-se registrado na Enciclopédia do Cinema Brasileiro e na literatura especializada, e seus efeitos limitaram-se a João Pessoa e Campina Grande. Desde 1974, a Paraíba era um dos raros estados do Brasil a sediar um estúdio cinematográfico em 16mm: o Cinética Filmes LTDA de Machado Bittencourt, diretor de "O último coronel", prêmio de Melhor Filme produzido no Brasil fora do eixo Rio/SP na Jornada de Salvador de 1975, que criaria também a Fundação Nordestina de Cinema - FUNCINE, extinta junto com a EMBRAFILME em 1990. Em Campina Grande, a produção e a formação cinematográficas do período giravam em torno dos projetos da Cinética Filmes e dos debates no Cineclube Humberto Mauro , organizado no Museu de Artes de Campina Grande e a partir do estabelecimento do Curso de Comunicação Social pela Universidade Regional do Nordeste, em 1974 (HOLANDA, 2008), atual Universidade do Estado da Paraíba. Na capital, as ações formativas no início dos anos de 1980 ocorreram a partir de um convênio técnico e cultural entre o Centro de Formação em Cinema Direto de Paris - Association Varan e o Núcleo de Documentação Cinematográfica - NUDOC da Universidade Federal da Paraíba, que estipulava a criação de um atelier de cinema direto na capital paraibana e envolvia a ida de estudantes da UFPB para realizar intercâmbio na França. Jean Rouch, diretor do Comitê do Filme Etnográfico da França, era o responsável por esta ação que possibilitou ao NUDOC comprar equipamentos para a produção em Super-8 e se tornar produtor da maior parte da safra cinematográfica paraibana à época. O segundo período analisado surge muito mais pelo voluntariado de pessoas do setor do que por aportes próprios de verbas. A partir dos anos de 2010, começaria a ocorrer a capilaridade de projetos de formação, produção e exibição cinematográficas, vinculados ou não às universidades da Paraíba, promovendo redes contínuas e/ou pontuais, possibilitando a participação de jovens das diversas macrorregiões do estado no círculo de realização audiovisual. São exemplos destes Projetos, dentre outros, o Paraíba Cine Senhor - 2008 (https://www.facebook.com/pbcinesenhor); o Paraíba Cinema Adentro - 2008 (https://www.facebook.com/pages/Cinema-Adentro); o Projeto Cinestésico - 2008 (https://www.facebook.com/Cinestesico); e o VIAção Paraíba - 2007 (https://www.facebook.com/viacaoparaiba). Os dois últimos oferecem anualmente o Laboratório para Jovens Roteiristas do Interior da Paraíba – JABRE, no Congo, Cariri Paraibano, para que transformem o argumento com o qual se inscreveram no Laboratório em um roteiro cinematográfico para ser apresentado a editais e produtoras. Se há pouco tempo, só os jovens de Campina Grande e João Pessoa conseguiam, com dificuldades, produzir filmes na Paraíba, hoje, isso se modificou, revelando a penetração geográfica e a multiplicação quantitativa e qualitativa da produção paraibana. Se a geração imediatamente anterior a esta deve parte de sua formação cinematográfica à bolsa para vivenciar em espaço estrangeiro o Cinema Direto, pelo convênio com o Atelier Varan, na França, parte da atual geração, situada no interior da Paraíba, obteve toda sua formação audiovisual pelo contato, em seu local de moradia ou em cidades vizinhas, com projetos de organizações não-governamentais ou de extensão universitária que foram ao seu encontro. A despeito das diferenças e semelhanças, e apesar da falta de investimento digno no Setor Audiovisual no Estado da Paraíba, tanto a antiga quanto a nova geração dos dois períodos aqui analisados produzem o atual cinema paraibano, valorizado nos espaços e janelas em que se inserem. |
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Bibliografia | AMORIM, L. & FALCONE, F. (Org) Cinema e memória: o Super-8 na PB nos anos 1970-1980. JP:UFPB, 2013
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