ISBN: 978-85-63552-17-4
Título | O cinema de atrações, a performance live e a rede: Arquivos expandidos |
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Autor | Wilson Oliveira da Silva Filho |
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Resumo Expandido | “Cinema of attractions” foi o termo formulado por Tom Gunning e André Gaudreault para demarcar o período que antecede o cinema clássico-narrativo, mas hoje ele ainda está associado a uma série de possibilidades para se pensar os chamados pós-cinemas ou transcinemas. O conceito se amplia e deriva de diversas formas. Nascido da noção eisensteiniana de “montagem de atrações” , particularmente na noção de atração do diretor russo, na qual “o espectador passa a constituir o material básico do teatro” (EISENSTEIN, 1983, p.189) levando em conta o aspecto agressivo, sensorial com o propósito de nele produzir certos choques emocionais (Id., Ibid) a formulação popularizada por Gunning é cada vez mais impressionante. As atrações chocam, ativam, despertam o espectador, que na cena contemporânea se faz, como profetizou Helio Oiticica, um participador. Como o próprio Gunning observa certos gêneros específicos e práticas dão sequencia a proposta de pensar um cinema que atrai esse novo espectador. Seja a ficção científica ou o musical (GUNNING In STAUVEN 2006), as atrações se diluíram em novos formatos e uma nova geração de artistas que lidam com a projeção vem "explorando as possibilidades da projeção de imagem de fontes como o filme o vídeo ou os computadores fora do usual contexto do filme e vídeo experimental, menos lidando com paradigmas formais estabelecidos do plano, da tela e da audiência, e brincando com as ambiguidades do espaço, movimento e ontologia" (GUNNING, 2009, p. 34).
Recentemente o performer Raimo Benedetti concebeu uma performance chamada “Cinema das atrações”. O artista em um híbrido de cinema ao vivo com palestra revisita o conceito para mostrar-nos que no campo do cinema expandido em tempo real, a atração precisa ser discutida e se tornar ela própria objeto do live cinema. Raimo se torna uma espécie de projecionista do primeiro cinema convidando a plateia a participar da atração para entender o cinema dos primórdios, levando em conta essas ambiguidades mencionadas por Gunning e repensando o espectador. Esse trabalho pretende destacar determinados aspectos dessa performance que acompanhamos na V mostra de Live Cinema no Oi Futuro (Rio de janeiro, 2013). Uma entrevista com o autor foi realizada no sentido de compreender um pouco mais a performance e o conceito bem como destacar o caráter arquivístico que as atrações passam a ter hoje. Se o arquivo se torna uma preocupação um curioso artigo “Será o youtube o novo cinema das atrações” (BAPTISTA, 2010) destaca esse novo modo de exibição atrativo e nos interroga sobre como certas práticas na web reverberam a ideia das atrações. Pensar o youtube como um arquivo sensorial atrativo é compreender por um lado a imperfeição dos arquivos (COLOMBO, 1991), por outro a emergência de uma nova configuração da memória digital (ERNST, 2013). Determinados vídeos na rede mundial de computadores dialogam com um veio de atrair o usuário. Recentemente Jean-Luc Godard com sua carta em forma de vídeo (“Khan Kahnne”, 2014) ao festival de Cannes de certa forma flertou com as atrações, ou com uma "simples valsa" recheada com vídeos da web, imagens de arquivo e um final próximo ao trabalho de Vjing. Seja na rede ou em uma performance em real time o conceito se amplia com as novas tecnologias. Esse artigo a ser apresentado na SOCINE leva em conta como material bibliográfico uma entrevista ainda inédita com Tom Gunning que nos orientou em parte do doutoramento em 2012. |
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Bibliografia | BAPTISTA, Tiago. Será o Youtube o novo “cinema de atrações”. In: AVANCA Cinema Tomo II. Avanca: Edições Cine-clube, 2010.
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