ISBN: 978-85-63552-17-4
Título | António Silva, comediante e ator dramático português |
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Autor | Afrânio Mendes Catani |
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Resumo Expandido | De maneira semelhante ao ator brasileiro Oscarito (1906-1970), António Maria da Silva, conhecido artisticamente como António Silva (15.08.1886- 03.03.1971), enquanto teve energia e saúde trabalhou sem parar. Lendo a bibliografia citada em seguida, é possível localizar sua participação em 34 filmes e em mais de 700 comédias, dramas, revistas e operetas ao longo de cinco décadas de atividades quase ininterruptas.
Filho e neto de artesãos dedicados às molduras, pratica diversos ofícios antes de iniciar a carreira artística. Manuela de Freitas (2011, p. 40) escreve que ele “é um dos primeiros a interpretar vozes sincronizadas para filmes mudos (1907), tornando-se conhecido ao dublar Max Linder atrás da tela do salão Ideal de Loreto”. Em 1910 faz uma ponta no filme Rainha Depois de Morta (Júlio Costa) e, após muitos trabalhos em teatro amador, debuta profissionalmente no drama histórico O Novo Cristo (1910), adaptado de obra de Tolstoi. Nesse mesmo ano vem ao Brasil em excursão; volta para cá em 1913, permanecendo até 1921, ocasião em que atua nos principais teatros e em companhias de prestígio. Em sua estada brasileira faz dois filmes, Convém Martelar (1920, Manuel F. Araújo e António Silva) e Coração de Gaúcho (1920, Luiz de Barros), ocasião em que conhece a atriz Josefina Barco (depois Josefina Silva, com exitosa carreira), casando-se em 1920, com quem tem uma filha. O casal integra, de 1921 a 1928, a companhia de revista e opereta de Luísa Satanela-Estêvão Amarante, de grande prestígio em Portugal. Ele se consagra, em 1927, como “Zé dos Patacos”, tornando-se um dos comediantes mais conhecidos em seu país. A partir de então alterna teatro e cinema, até o fim da carreira. Em 1933 faz A Canção de Lisboa (Cottinelli Telmo), o segundo filme sonoro português, e o primeiro rodado e produzido inteiramente no país. Entre 1944 e 1946 integra o elenco de “Os Comediantes de Lisboa”, com António Lopes Ribeiro e seu irmão Francisco Ribeiro “Ribeirinho”, que o haviam dirigido, respectivamente, em O Feitiço do Império (1940) e O Pátio das Cantigas (1942). Nessa companhia teatral, para sobreviver, encena repertório moderno e exigente, ao lado de peças convencionais e comerciais. Integrou ainda, no domínio teatral, sociedades artísticas com Laura Alves, Ribeirinho e Irene Isidro, bem como com a companhia de revistas de Eugênio Salvador (1955 a 1961). Para Manuela de Freitas (2011, p. 41), António Silva “compõe personagens cotidianos dos bairros de Lisboa, com graça, economia de recursos e sobriedade, sem recorrer aos excessos caricaturescos frequentes, nesse gênero de teatro e cria um estilo próprio”. No cinema, além dos já citados, fez pequenos papeis como em Camões (1946, Leitão de Barros) e Três Espelhos (1947, Ladislao Vajda); personagens rústicos – As Pupilas do Senhor Reitor (1935, Leitão de Barros) e Amor de Perdição (1942, António Lopes Ribeiro); protagonista em O Grande Elias (1950, Arthur Duarte) e Sonhar é Fácil (1951, Perdigão Queiroga); comédias exitosas, como O Leão da Estrela (1947, Arthur Duarte) e Perdeu-se um Marido (1956, Henrique Campos). Filmou com os mais conhecidos diretores de Portugal de seu tempo, tendo um fim de carreira relativamente difícil, participando de programas de rádio e televisão, fazendo publicidade e filmes e peças de pouco interesse artístico. “Em 1963 lhe diagnosticaram uma esclerose progressiva. Despede-se do teatro aos 80 anos. O Sarrilho de Fraldas, de Constantino Esteves (1966), é seu último filme” (Freitas, 2011, p. 41). |
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Bibliografia | COUTINHO e COSTA, J.; COSTA, J.M. (Coords.). A Comédia Clássica Portuguesa. A Coruña: Centro Galego de Artes da Imaxe/Xunta de Galicia/Cinemateca Portuguesa, 1994.
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