ISBN: 978-85-63552-17-4
Título | Cidadão Downey |
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Autor | Arthur Autran Franco de Sá Neto |
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Resumo Expandido | O objetivo da apresentação proposta é fazer, em primeira instância, uma análise de como a atividade cinematográfica do produtor Wallace Downey (1902-1967) foi abordada pela historiografia do cinema brasileiro, revisitando autores como Alex Viany, Paulo Emílio Salles Gomes, João Luiz Vieira, Sérgio Augusto, Afrânio Catani, Hernani Heffner e Lécio Augusto Ramos. Wallace Downey nasceu em 1902 nos Estados Unidos e estabeleceu-se em São Paulo em 1928 para trabalhar como diretor artístico da gravadora de discos Columbia. Quando do advento do cinema sonoro, passou a se dedicar a esse campo de atividade. Foi diretor e co-produtor, ao lado do empresário Alberto Byington Jr., de Coisas nossas (1931), filme musical de grande sucesso de público. A partir daí desenvolveu até os anos 1940 uma atividade como produtor de cinema pautada pela agilidade nas filmagens de comédias repletas de sucessos musicais, tais como as co-produções com a Cinédia – empresa de Adhemar Gonzaga - Alô, alô, Brasil (dirigida pelo próprio Downey, por João de Barro e Alberto Ribeiro, 1935) e Alô, alô, carnaval (Adhemar Gonzaga, 1936), ou as co-produções com a Sonofilmes – empresa de Alberto Byington Jr. – Banana da terra (Ruy Costa, 1939) e Abacaxi azul (Wallace Downey, 1944)., além de um filme com maiores pretensões artísticas: João Ninguém (Mesquitinha, 1936). Note-se que as comédias musicais, especialmente aquelas com os sucessos do carnaval, constituíram-se no principal eixo comercial do cinema brasileiro até o final dos anos 1950. Paralelamente à atividade cinematográfica, Downey desenvolveu uma exitosa carreira como agente de artistas latino-americanos. Os filmes de Wallace Downey em geral foram grandes sucessos de público, em contraste flagrante com as dificuldades encontradas pelo cinema brasileiro de então. Outrossim, a crítica da época era praticamente unânime em condenar o cinema produzido por Downey, por entender que esteticamente os filmes seriam muito frágeis. Quanto aos historiadores, o tratamento reservado a Downey varia muito, indo de uma franca condenação das suas atividades nos trabalhos de viés nacionalista de Alex Viany e Sérgio Augusto até análises mais percucientes como as de João Luiz Vieira, Hernani Heffner e Lécio Augusto Ramos que buscam entender qual a contribuição desse produtor. O segundo movimento da comunicação proposta diz respeito a tentar compreender a ação de Downey como empresário capitalista, qual a concepção de produção cinematográfica subjacente às suas práticas e idéias, em especial pela análise de dois casos: Coisas nossas e Alô, alô, carnaval. Note-se que no início da década de 1930 a postura de Downey tem franco contraste com o principal produtor brasileiro daquele momento, Adhemar Gonzaga, cuja Cinédia tendeu em suas primeiras produções a apostar em filmes dispendiosos e com grandes pretensões artísticas como, por exemplo, Ganga bruta (Humberto Mauro, 1933). A partir do momento em que se associou a Downey, Gonzaga alterou o modo de produção da Cinédia, como demonstra a feitura do já citado Alô, alô, carnaval. Também será feito o cotejo da atuação de Downey em relação a produtores argentinos que desenvolveram atividades nos anos 1930, Enrique T. Susini e Jayme Yankelevich, os quais apresentam algumas semelhanças nas suas trajetórias com o norte-americano, tais como a ligação com outros veículos artísticos e a aposta em filmes com grande apelo à música popular. |
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Bibliografia | AUGUSTO, Sérgio. Este mundo é um pandeiro. São Paulo: Companhia das Letras, 1993.
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