ISBN: 978-85-63552-17-4
Título | Entre o apregoar e o ofertar da narrativa transmídia na telenovela brasileira: diferenças entre o que uma emissora diz e faz |
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Autor | Vicente Gosciola |
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Resumo Expandido | Se quisermos entender as possibilidades da narrativa transmídia para uma telenovela, é necessário observarmos com detalhamento a sua conceituação e a sua prática efetiva. De início, cabe verificarmos o seu universo como um todo, isto porque a narrativa transmídia está em plena popularização. Nesta ocasião tão favorável a novas práticas de estratégias narrativas, em que tanto o público quanto os distribuidores de conteúdos buscam por um entretenimento ampliado e até mesmo nômade, assim se faz o exercício da narrativa transmídia, em que pesem alguns dilemas extraordinários das emissoras que produzem e exibem suas telenovelas.
Graças à participação dos consumidores e à convergência das plataformas e conteúdos, uma grande história pode ser dividida em múltiplas narrativas, distribuídas entre diferentes mídias, cada mídia fazendo, a seu modo, sua contribuição para história. Nesse sentido, a narrativa transmídia constrói uma experiência coordenada e unificada de entretenimento, levando em conta a singularidade de cada mídia de modo a potencializar a expressividade particular de cada narrativa. Para além da relevância de tudo isso, é o fato de que a narrativa transmídia atravessa diferentes mídias, o que lhe permite criar um universo ficcional como um todo da obra. Contudo, vale o cuidado em diferenciar narrativa transmídia e crossmídia (JENKINS, 2006b, pp.123-124). Se crossmídia é um projeto, originalmente publicitário, que faz uso de diferentes plataformas ou mídias, em que a mesma história é veiculada por todas elas –certo de que cada mídia conta a mesma história, porém, adaptada às condições de cada uma- a Narrativa Transmídia é uma grande história dividida em várias partes. Cada parte é distribuída para uma mídia específica, mídia esta que possa melhor expressar a sua parte da história. Todas as mídias e todas as partes da história são integradas, não exatamente do mesmo modo. Entretanto, temos encontrado dificuldade para observar a prática dessa segunda estratégia, sobrepujada assim pela primeira quando se trata de telenovela no Brasil. Ainda que as redes sociais tenham papel fundamental em narrativa transmídia, ainda que não obrigatórias, nem mesmo assim temos encontrado nelas a extensão ou complementação da dramaturgia televisual. Se narrativa transmídia não é qualquer estratégia que envolva mais de uma plataforma de mídia e que reproduza as mesmas histórias através de múltiplas plataformas, mas é isso que se tem visto pelas telenovelas que vão passando a cada ano, não é compreensível que as emissoras ainda divulguem seus produtos com se tivessem tal categoria. É por este caminho que este texto tenta discorrer. Entendemos que popularização da Narrativa Transmídia nas telenovelas depende de algumas condições que estão muito próximas de serem atendidas, todavia, exige o cumprimento de todas as características que lhe são particulares. Oferecer as plataformas e redes sociais, apenas reforçando a antiga estratégia de reproduzir os mesmos conteúdos, ainda que reeditados, não favorece em nada o projeto de familiaridade de narrativa transmídia junto ao grande público das telenovelas. E, curiosamente, tudo isso acontece hoje, quando o público cada vez mais convive com os diversos meios de comunicação; um público que realmente interessa à narrativa transmídia. |
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Bibliografia | BERNARDO, N. The Producer's Guide to Transmedia. Lisboa: Beactive, 2011.
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