ISBN: 978-85-63552-17-4
Título | A imaginação melodramática: a atualidade de um modelo estético |
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Autor | Lisandro Nogueira |
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Resumo Expandido | A extensão do território estético coberto pela forma melodramática é vasto: sua penetração é importante, além da sua relevância na construção do imaginário individual e social. O melodrama oferece consolo ao indivíduo, reinstitui uma oposição valorativa ao mundo e, talvez mais importante, resolve esta oposição. Neste sentido específico ele é mais do que um gênero literário ou cinematográfico, podendo ser entendido como um modo de articularmos existencialmente a experiência do nosso próprio tempo, o que Peter Brooks chama de imaginação melodramática. De fato existem muitos outros modos estéticos de conduzir nossa compreensão da cultura contemporânea, especialmente no cinema , mas nenhum possui a força consoladora – e conservadora – do melodrama.
Para entender o vigor desta forma estética (que está ligada à superação dos limites da estética de gênero) será necessário – e é esta a proposta deste artigo – investigar suas origens no teatro europeu do século XVIII e, posteriormente, na adaptação feita pelo cinema clássico – principalmente Douglas Sirk e D.W. Griffith. Igualmente de suma importância é a investigação da recepção do conceito de "imaginação melodramática" (Peter Brooks) nos estudos brasileiros de cinema, especialmente no modo como este conceito foi usado por Ismail Xavier para pensar certos elementos do cinema nacional contemporâneo, sua relação com Hollywood e com a indústria do entretenimento. O objeto deste artigo é o melodrama cinematográfico, assim como foi concebido na aurora do cinema moderno e delineado acima, e suas transformações ao longo do século XX, inclusive sua apropriação e crítica pelo cinema atual. O propósito é investigar sua passagem do gênero narrativo ao que Peter Brooks denominou imaginação melodramática. Na operação intelectual relatada por Brooks encontra-se a chave de intepretação para a longevidade e a constante atualização do melodrama no cinema, assim como a compreensão de suas possibilidades narrativas – transmidiáticas – no diálogo com diferentes suportes midiáticos abertos à linguagem audiovisual. De alguma forma o cinema funciona como dispositivo para que a dinâmica melodramática se permita oferecer um comentário sobre o mundo contemporâneo, oferecendo consolo e uma possibilidade de construção de sentido atualmente ausente do horizonte mais amplo da cultura. Assim, o artigo tentará esclarecer as razões pelas quais o melodrama constitui uma forma estética tão resiliente e capaz de se reinventar de modo tão radical acompanhando as transformações culturais da contemporaneidade: Até onde podemos esposar a tese de Brooks de que o melodrama superou as constrições de um mero gênero narrativo e se tornou uma chave de interpretação da cultura atual? Quais as relações existentes entre a imaginação melodramática e a indústria do entretenimento e porque o melodrama alcançou tão ampla ressonância no cinema mainstream mundial? |
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Bibliografia | BAKHTIN, Mikhail. Questões de literatura e estética. São Paulo : Ed. UNESP, 1993.
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