ISBN: 978-85-63552-17-4
Título | João Emanuel Carneiro e os lugares do roteirista no Brasil |
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Autor | Inara de Amorim Rosas |
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Resumo Expandido | O presente trabalho tem como objetivo iniciar uma investigação da trajetória artística do roteirista João Emanuel Carneiro, que possui uma vasta produção para cinema e televisão no Brasil, como os filmes Central do Brasil (1998), Deus é Brasileiro (2008) e A dona da história (2004);as telenovelas da Rede Globo A favorita (2008) e Avenida Brasil (2012) e a minissérie A cura (2010); e a partir desse estudo buscaremos analisar o lugar de Carneiro e do roteirista de ficção audiovisual no cenário contemporâneo brasileiro.
Em primeiro lugar, consideramos que João Emanuel Carneiro é um dos roteiristas brasileiros que transitou com melhor êxito em ambientes tão distintos de produção no campo do cinema e da televisão, entre produções independentes, produtoras de médio e grande porte e a Rede Globo de Televisão. Em segundo lugar, a trajetória do roteirista em si mesma é marcada por debates importantes nas duas mídias, como o papel fundamental que o filme Central do Brasil adquiriu no processo de reinserção do cinema na sociedade brasileira e a celebração da telenovela Avenida Brasil como um novo modo de se fazer televisão, pelas suas inovações estéticas e de enredo. Buscaremos através desse olhar no roteiro e no papel do roteirista construir o lugar de Carneiro enquanto roteirista mas também ampliar as noções teóricas acerca do ofício nos diveros contextos de produção audiovisual. O cinema e a televisão atribuem níveis de autoria distintos para seus realizadores, em posições construídas historicamente dentro do contexto produtivo. Acreditamos que essa discussão pode ser frutífera e vai além da noção formal construída historicamente de que no cinema o diretor é o autor mas na televisão, em especial nas telenovelas, o autor é o roteirista. Existem inúmeros exemplos na televisão de parcerias autor-diretor em que se observa um padrão de conduta e uma existência de marcas autorais na parceria. Ainda, no cenário contemporâneo em que cada vez mais existem cineastas saídos da universidade que vão ocupar o mercado televisivo com diversos tipos de ficção, a questão do papel do roteirista tende a depender mesmo das condições produtivas das obras. Essa investigação, portanto, também nos ajudará a compreender a situação atual dos meios de comunicação massivos e as implicações do contexto de produção, distribuição e consumo e os graus de autonomia, que o roteirista ou roteirista-autor possui no processo de criação de obras culturais como filmes, minisséries e telenovelas. Como podemos identificar e caracterizar o campo roteirista na produção audiovisual brasileira? Qual o lugar do roteirista nesses processos de produção? Em suas telenovelas, João Emanuel Carneiro é autor de suas obras, então seria sua trajetória que se iniciou no cinema e deságua na televisão o caminho de consagração do roteirista brasileiro? Consideramos que este estudo possui dois conceitos teóricos que nos nortearão. O primeiro deles é o conceito de campo do sociólogo Pierre Bourdieu (1996). Partiremos do ofício do roteirista como inserido em um campo de atuação profissional de criação voltado para a produção de bens culturais audiovisuais que está submetido às redes de relações e jogos de interesses dos campos do cinema e da televisão. O segundo conceito é o de autoria em uma obra artística, discutido em suas particularidades do cinema e da televisão a partir de autores como Robert Stam (2003), Edward Buscombe (2005) e Maria Carmem Jacob de Souza (2002; 2004; 2011). Através desses dois conceitos que se relacionam, buscaremos investigar as relações e tensionamentos nos campos televisivo e cinematográfico a fim de pensar a posição ou posições que o roteirista ocupa, considerando as particularidades do contexto de produção e difusão dessas obras audiovisuais. |
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Bibliografia | BOURDIEU, Pierre. As Regras da Arte: Gênese e Estrutura do Campo Literário. Tradução: Maria Lúcia Machado. São Paulo: Cia. Das Letras, 1996.
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