ISBN: 978-85-63552-17-4
Título | Fargo:ficção seriada contemporânea e estratégias de expansão narrativa |
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Autor | Christian Hugo Pelegrini |
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Resumo Expandido | O trabalho versa sobre a série americana Fargo, de Noah Hawley, "baseada" no filme homônimo dos irmãos Coen, lançado em 1996. Trata-se de uma análise da ficção seriada em articulação com seu contexto industrial e estético e a dinâmica de seu diálogo com o filme em que foi "baseada".
Nosso percurso se inicia com uma revisão da história recente das formas de ficção seriada (termo que julgamos mais adequado que o reducionista "série de TV"). Procedemos um mapeamento da indústria televisual norte americana em sua transição da "Era das Redes" até o panorama atual, ou, para usar apenas uma das muitas taxonomias propostas, a "Era Pós-Redes". Tal mapeamento recobre mudanças econômicas (das mudanças nos modelos de negócio e no financiamento das produções televisuais à reorganização das audiências), mudanças estéticas (considerando os muitos desdobramentos da mudança econômica na estrutura narrativa aos novos padrões de estilo audiovisual surgidos a partir da década de 1980). A indústria televisual contemporânea já não se limita mais a toda uma de convenções forjadas historicamente pelas "séries de TV" (em alguns, há uma ruptura radical com tais convenções). Novos agentes de produção (canais de TV, ao invés de produtoras independentes), novas formas de distribuição (variedade de formas de monetizar a produção audiovisual) e novas práticas de consumo (dispositivos portáteis, consumo assíncrono, "maratonas" etc) ajudam a compreender o contexto em que surge Fargo, a série. Mais que uma mera retomada de termos nem sempre precisos -e, muito menos, unânimes - como "quality TV" ou "prized content", o mapeamento deve antes elencar toda uma variedade de fenômenos e processos que alteraram sensivelmente a estética da ficção seriada, exigindo um novo posicionamento desta em relação às outras formas de audiovisual (especialmente em relação ao cinema). Além do contexto em que surge a série, também cabe analisar a natureza do vínculo entre a ficção seriada e o filme, indo além do reducionista "baseado em...". Neste ponto, recorremos ao arcabouço acerca das chamadas "narrativas expandidas" para explicitar processos e mecanismos intertextuais e intermidiáticos. Neste ponto, também indicamos em Fargo a atualização de uma tendência na ficção seriada contemporânea de produzir antologias de temporada. Para tal, articulamos a primeira temporada da série com a segunda, a ir ao ar em abril de 2015. Compreendidos os fatores que fundamentam o desenvolvimento e a produção de Fargo, a série, cabe nos voltarmos aos modos como o texto articula sua natureza e forma (ficção seriada de determinado gênero e com determinadas características) com seu conteúdo narrativo. É a análise do texto audiovisual propriamente dito. É o espaço em que explicitaremos como os existentes do universo ficcional compartilham traços com os de Fargo, o filme, mas ao mesmo tempo são burilados pelo gênero e pela estética narrativa escolhida. Neste aspecto, a análise compara os personagens do filme e da ficção seriada, sua caracterização, as nuances de volição e o encadeamento das ações dramáticas; também nos voltamos para as manifestações de complexidade narrativa engendrada na pluralidade de organizações temporais narrativas, na multiplicidade de arcos dramáticos e seus muitos entrelaçamentos. A análise de Fargo, a série, indica caminhos do audiovisual contemporâneo e oferece algumas diretrizes para se pensar na ecologia das formas e gêneros audiovisuais. |
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Bibliografia | BUTLER, Jeremy G. Television: Critical Methods and Applications (Kindle Edition). London, Taylor & Francis, 2002.
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