ISBN: 978-85-63552-17-4
Título | Preservar, difundir: festivais de filmes de arquivo no séc. XXI |
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Autor | Vivian Malusá |
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Resumo Expandido | A difusão cinematográfica feita por cinematecas é uma de suas principais missões. De diferentes modos, na história da preservação audiovisual, a exibição de filmes, se não impulsionou a criação de um arquivo de filmes ou cinemateca, esteve atrelada ao seu percurso. Profissionais e entidades da área entendem que a missão de uma cinemateca seria de adquirir (enriquecer a coleção), preservar (compreendidos os processos de catalogação, conservação e restauração) e dar acesso a suas coleções. Na visão do curador e conservador Paolo Cherchi Usai, esses “três poderes” deveriam se contrabalancear, nenhum deles deveria se sobressair a outro. Segundo Carlos Roberto de Souza, autor da tese “A Cinemateca Brasileira e a preservação de filmes no Brasil” (2009, p.06): “A preservação engloba a prospecção e a coleta, a conservação, a duplicação, a restauração, a reconstrução (quando necessária), a recriação de condições de apresentação, e a pesquisa e reunião de informações para realizar bem todas essas atividades. Essas ações, consideradas individualmente, são possíveis e necessárias, mas não suficientes para o objetivo de se atingir a preservação”.
A maneira tradicional de se recriar as condições de apresentação de uma obra cinematográfica se configura na programação de uma cinemateca e na exibição de filmes, através de ciclos, mostras, festivais, exibições especiais, etc. O acesso ativo é qualquer forma de difusão da coleção que parta do próprio arquivo, seja periodicamente (semanal, mensal, etc.) ou esporadicamente – como no caso de mostras extraordinárias ou exibições únicas. A exibição ao público é pensada e organizada a partir dos filmes de sua coleção ou de outros arquivos, que serão projetados em determinada sala de cinema, em geral situada na própria cinemateca ou administrada/programada por uma. Através desta atividade é possível cumprir parte do propósito da preservação, com ela o arquivo faz chegar até o público sua própria coleção. Em um momento da história em que a exibição digital nas salas de cinema vem substituindo de forma voraz a projeção de filmes em película (um dos argumentos é facilitar e ampliar o acesso a eles pelo público) e empresas produtoras de material fotográfico fotoquímico vêm diminuindo ou encerrando suas atividades, os festivais e mostras de filmes de arquivo, promovidos pelas cinematecas, buscam manter e valorizar a preservação fílmica e o acesso aos filmes da forma mais próxima a que foram concebidos. Estes eventos, em geral, são oportunidades para o arquivo de trabalhar a ação curatorial de forma ainda mais contundente, olhando para sua coleção, percebendo necessidades maiores de conservação e de restauração, descobrindo e divulgando pérolas, investigando e tomando decisões. Esta comunicação tem como ponto de partida o levantamento de alguns eventos brasileiros e franceses. A escolha da França se dá pelo país ter uma tradição cinéfila já bastante discutida, por ter instituições que promovem eventos acerca da cultura cinematográfica e voltados ao universo da preservação de filmes e do processo trabalho das cinematecas, a exemplo do festival Zoom Arrière promovido pela Cinemateca de Toulouse e do recente Toute la Mémoire du Monde, realizado pela Cinemateca Francesa. Os eventos brasileiros escolhidos, a Jornada do Cinema Silencioso (2007 a 2012) e a mostra Clássicos e Raros do Nosso Cinema (2008/2010/2013), foram realizados pela Cinemateca Brasileira. Apesar de estarem inseridos em diferentes contextos históricos, socioeconômicos, entre outros, algumas características os delineiam e a suas atividades, como a ação em seu próprio acervo, exibição preferencialmente em película, que respeita o formato, janela e velocidade com que os filmes eram exibidos em seu lançamento, acompanhamento sonoro no caso dos silenciosos, a produção teórica em catálogos impressos ou virtuais, entre outras, sempre buscando promover não apenas a exibição de determinadas obras, mas a valorização do próprio ato de preservar. |
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Bibliografia | DI CHIARA, Francesco e RE, Valentina. Film Festival/Film History: The Impact of Film Festivals on Cinema Historiography. Il cinema ritrovato and beyond. Cinémas : revue d'études cinématographiques, disponível em http://www.erudit.org/revue/cine/2011/v21/n2-3/1005587ar.html, último acesso em 12 set. 2014
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